Litoral

‘Reset’ acidental fez jovem entrar na Justiça para acessar fotos e vídeos de irmão morto em SP


Irmão apagou todos os dados de seu aparelho, sem querer, duas semanas antes de acidente que vitimou João Vitor Duarte Neves, de 20 anos. Família conseguiu na Justiça o direito de acessar backup de celular do jovem. Última conversa salva de Lucas com o irmão que morreu em acidente foi sobre trabalho
Reprodução/Arquivo pessoal
A família de João Vitor Duarte Neves, de 20 anos, que morreu atropelado quando andava de bicicleta, entrou na Justiça para obter o direito de acessar o conteúdo do celular dele devido à um reset acidental no celular do irmão, que apagou todas as mensagens, vídeos e fotos trocadas com o jovem. Para Lucas Duarte, a decisão traz alívio, já que ele poderá ter acesso aos últimos momentos compartilhados com o irmão mais novo.
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Com a morte do irmão, o reset no celular de Lucas, que aconteceu duas semanas antes do acidente, se tornou algo ainda maior, já que todas as mensagens trocadas, fotos e vídeos gravados entre os dois ficaram armazenados apenas no celular de João. O aparelho do jovem, bloqueado por senha, se tornou inacessível aos familiares.
“Apaguei meu celular inteiro sem querer, acabei perdendo tudo. Então, eu praticamente não tenho foto com meu irmão, vídeo, mensagens que trocamos, nada. Isso é muito triste”, disse Lucas Duarte ao g1.
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Últimas fotos e mensagens trocadas por irmãos serão resgatadas após ação judicial
Arquivo pessoal
Tempos depois do falecimento, Lucas decidiu ir atrás das lembranças digitais daqueles momentos compartilhados pelos dois. Ele tentou ligar diretamente à Apple pedindo pelo acesso, mas foi informado que só conseguiria com uma ordem judicial.
A Apple, empresa do celular dele, argumentou no processo que não tem a senha dos dispositivos de seus usuários, mas que poderia realizar a transferência dos dados salvos no Apple ID caso houvesse autorização judicial.
Assim, decisão favorável foi proferida pelo juiz Guilherme de Macedo Soares, da 2ª Vara do Juizado Especial Cível de Santos, no litoral de São Paulo, neste mês, determinando o backup do celular de João ao familiar indicado no processo.
.”Estou feliz demais que vou conseguir isso. Estou aliviado”, desabafa. Para ele, o mais importante será o resgate das fotos, mas a ansiedade é por todo o conteúdo.
“Tudo tem muito valor, a ficha não caiu ainda. Cada letra, cada foto, tudo é muito importante”, avalia.
Jovem morreu após ser atropelado em Santos, SP
Arquivo Pessoal/ Reprodução
Ele ainda não sabe quando terá acesso ao conteúdo, mas a previsão é que, a partir da próxima semana, já tenha algum retorno da Apple para viabilizar o backup. Lucas esclarece que, apesar do pai de João ter sido o representante do processo — já que é o herdeiro legal do jovem —, foi ele quem conduziu a ação e que terá o acesso às lembranças.
Segundo o advogado que representa a família Marcelo Cruz, a ação é muito maior que uma questão técnica e jurídica. “Ela se reveste de laços emocionais. Os familiares da vítima pretendiam e tinham o direito de ter acesso aos últimos momentos vividos e compartilhados com a vítima”, explicou.
Motorista alega que não viu atropelamento
O acidente aconteceu em abril do ano passado, na Avenida Washington Luiz, no Gonzaga. Um vídeo feito por uma câmera de monitoramento mostra o momento em que o ciclista foi atropelado por um carro que trafegava no mesmo sentido (veja vídeo abaixo). Com o impacto, o jovem foi arremessado na traseira de uma caminhonete estacionada.
Câmera de monitoramento flagra acidente que matou ciclista de 20 anos em Santos, SP
Na época, o motorista do carro, de 19 anos, disse que não percebeu o ciclista na via e não viu quando o atropelou. Um passageiro no carro foi que, ao perceber a colisão, puxou o freio de mão do veículo e o avisou sobre o acidente. Eles desceram e, ao verem a vítima, disseram à polícia que prestaram socorro.
Apesar do depoimento, a família alega que a história foi diferente, e questionou a conduta da PM e dos envolvidos. As investigações, que seguem pelo 7º DP de Santos, ainda não foram concluídas.
“Após a conclusão do relatório do inquérito policial, os autos serão encaminhados ao Ministério Público. Nós esperamos que o promotor denuncie o condutor por homicídio culposo na condução de veículo”, explica o advogado.
João Vitor Duarte Neves morreu ao ser atingido por veículo na avenida
Arquivo Pessoal
Acidente aconteceu na Avenida Washington Luís, em Santos (SP)
Matheus Tagé/Jornal A Tribuna
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