Dezenas de pessoas ficam no prejuízo após terem viagem e hospedagem canceladas no litoral de SP

Vítimas ainda alegam que estão com dificuldades para registrar boletim de ocorrência contra a empresa. Caso ocorreu em Praia Grande. Dezenas de moradores do litoral de SP tiveram prejuízo com excursão para o Beto Carrero World, em Santa Catarina
Reprodução/Redes Sociais
Dezenas de moradores da Baixada Santista, no litoral de São Paulo, afirmam terem sido enganadas por uma empresa de excursões sediada em Praia Grande, em uma viagem com destino ao Parque Beto Carrero World, em Santa Catarina. Segundo apurado pelo g1, algumas vítimas chegaram a embarcar e passar um dia no parque, mas não conseguiram hospedagem no hotel, e tiveram que dormir no chão. Outra parte teve a viagem cancelada horas antes do horário de saída.
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O pacote vendido pela empresa incluía o transporte, com saída na última sexta-feira (21) e retorno no domingo (23). Os ingressos do parque e a hospedagem também estavam incluídos.
O mecânico Rodrigo Viscardi afirmou ao g1 que o problema começou no embarque. Segundo ele, a organizadora da excursão criou um grupo e encaminhou a localização dos ônibus, que passariam por algumas cidades da Baixada Santista, entre elas, Cubatão, Santos e Praia Grande.
Viscardi acompanhou o trajeto do ônibus, que às 21h10 estava na Sé, em São Paulo. Por esse motivo, ele e quatro pessoas que o acompanhavam aproveitaram para comer um lanche, e às 22h retornaram ao local de embarque. “Achamos estranho que só estava a gente. Ligamos e ela falou que já tinha passado, e que teríamos que pegar um Uber e ir para Praia Grande”.
Ele e os amigos foram até o município vizinho, e lá descobriram que o nome deles não estava na lista. Depois de horas esperando, eles conseguiram embarcar. “Chegamos no hotel, tomamos o café da manhã e fomos para o parque. Passamos o dia tranquilo, [mas] quando a gente retornou, por volta das 20h30, vi uma confusão gerada ali na porta, começaram a falar que não tinha quarto”.
De acordo com o mecânico, o hotel disponibilizou vagas apenas para as pessoas que estavam com crianças. Como ele estava com a filha, teria direito, mas optou que a irmã fosse dormir com ela no quarto. “Ficou uma enrolação a madrugada toda, e por volta das 4h, falaram que não teria quarto mesmo, e cederam o salão de jogos para deitar no chão do hotel”.
O mecânico afirma que ainda não foi ressarcido, e que já encaminhou um e-mail para o advogado da empresa, conforme a orientação dada, mas que ainda não recebeu o contrato.
“Não tenho intenção de assinar, minha intenção é que ela não faça mais isso com ninguém. Ela destruiu um sonho, era aniversário da minha filha de 12 anos, e ela acabou sem o presente por completo, estresse generalizado”, lamenta.
Prejuízo
A gerente administrativa Débora do Nascimento, de 31 anos, também embarcou no ônibus e levou um susto ao retornar ao hotel e saber que não teria direito à hospedagem. “Estava a maior confusão, desisti de esperar, estava todo mundo brigando, paguei por um quarto e subi”.
No dia seguinte, após o café da manhã, Débora soube que a excursão retornaria antecipadamente. “Nós pagamos R$ 390 por pessoa, eu, meu esposo, um casal de amigos e uma criança, e mais R$ 300 do hotel”.
Débora diz que tentou registrar um boletim de ocorrência online, mas que não foi aceito, e que a polícia falou que o registro não poderia ser feito lá, e sim, na cidade de origem dos denunciantes. Já em Cubatão, cidade onde mora, ela afirma que o delegado não aceitou o caso.
Imagem obtida pelo g1 mostra mensagem de dona da empresa prometendo ressarcimento dos clientes
Reprodução/Redes Sociais
Viagem suspensa
A desempregada Camila Aragão, de 38 anos, comprou o pacote de viagem junto com a família em agosto do ano passado, e cerca de quatro horas antes do embarque, soube que ela e os familiares não iriam mais viajar. “Ela avisou que o parque tinha alterado as restrições por causa do aumento de casos de Covid-19, e que não poderia receber os três ônibus que ela iria levar”.
Sem nem terem embarcado, ela e os familiares ainda não receberam o reembolso da viagem. “Na segunda, ela falou que estava no banco resolvendo a parte contábil, e que, a partir das 16h, estaria fazendo o pagamento. Mas, na verdade, não é pagamento nenhum, tem que devolver o nosso dinheiro”.
Camila ficou mais indignada ainda após a empresa publicar um comunicado de que só devolveria o dinheiro para quem assinasse um contrato. “Condicionou a devolução do nosso dinheiro para que a gente não comentasse mais sobre o assunto, e se a gente fizesse isso, seria processado”.
Ela também está com dificuldade para registrar um boletim de ocorrência contra a empresa. “Fiz online e foi reprovado. O escrivão entendeu que não era crime, que era algo para ser resolvido na esfera de pequenas causas. Nós fomos lesadas e estamos até agora sem receber o valor, a minha família não usufruiu de nada”, lamenta.
Empresa condicionou devolução dos valores dos pacotes de viagem a assinatura de contrato
Reprodução/Redes Sociais
Posicionamentos
O g1 entrou em contato com a empresa responsável pela excursão, tanto por e-mail quanto por WhatsApp, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Além disso, questionou a Secretaria de Segurança Pública (SSP) em relação aos problemas mencionados para o registro da ocorrência, mas também não obteve retorno até a última atualização.
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