Litoral

Motociclista que ‘escapou da morte’ após ter rosto cortado por cerol em SP desabafa: ‘cena de horror’


Ricardo José da Silva, de 45 anos, ficou internado por 13 dias e perdeu muito sangue após acidente em Santos (SP). Motociclista de 45 anos teve pescoço e dedo da mão cortados por linha com cerol em Santos, SP
Arquivo Pessoal
O motociclista Ricardo José da Silva, de 45 anos, que sofreu um corte no pescoço causado por uma linha de pipa com cerol, se reencontrou com os profissionais que o atenderam e prestaram os primeiros-socorros em Santos, no litoral de São Paulo. Ao g1, ele disse que o socorro foi primordial, e que “escapou da morte”.
Silva explica que trabalha como caminhoneiro durante a madrugada, e que, no momento do acidente, estava a caminho do serviço. “Senti o meu pescoço pegar fogo, coloquei a mão e senti cortando, e o sangue jorrando. Senti a gravidade que foi, coisa muito rápida. A linha, quando está esticada, não dá para enxergar, e eu estava devagar. Foi uma cena de horror”.
Ele lembra que dois motoristas pararam para prestar socorro. Antes de desmaiar, o motociclista conseguiu parar a moto e sentar no chão. “Fiquei em coma, seis dias desacordado, sem saber onde estava. Levei uns dois ou três dias para relembrar o que aconteceu”.
Além do corte no pescoço, Silva, que recebeu alta hospitalar após 13 dias internado, também sofreu um corte no dedo, que chegou ao osso, e que, provavelmente, precisará de cirurgia.
“Minhas cordas vocais não foram atingidas. [O pescoço] está 95%, mas ainda não consigo colocar o queixo no ombro, que é o que os médicos pedem para trabalhar. Sou motorista de carreta, e tenho que ter aquele movimento na cabeça. Eu consigo mexer, não como antes, mas falta pouco para chegar lá”, diz.
Ricardo se reencontrou com profissionais do Samu e da UPA que realizaram os primeiros-socorros em Santos, SP
Arquivo Pessoal
Reencontro
Segundo Silva, os médicos e enfermeiros que cuidaram dele desde o momento do resgate até a alta hospitalar ficaram impressionados com a boa recuperação. “Eles se emocionaram quando me viram, não acreditavam que eu estava falando e andando”, conta.
“Eles me falaram que, do jeito que eu estava, seria difícil sair vivo ou sem sequelas, baseado na experiência que eles têm. Foi um milagre. Graças a Deus, eu saí sem sequelas e com essa oportunidade que Deus está me dando novamente”, afirma.
No reencontro com os profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Zona Noroeste, Silva agradeceu por todo o cuidado que recebeu. “Foi emocionante, vou ser grato a eles até o último dia da minha vida. Nunca vou esquecer dessas pessoas. São pessoas que eu nem conhecia, mas que agora faço questão de conhecer”.
Silva afirma que também pretende reencontrar os profissionais que prestaram todo o atendimento durante o período em que ficou internado na Santa Casa de Santos.
‘Era para acontecer’
Segundo Silva, a moto dele possui a antena para evitar acidentes com linha de cerol, mas, na ocasião, ele acabou indo trabalhar com a moto da filha, que por ser nova, ainda estava sem o item de proteção. “Na garagem, a minha moto estava de difícil acesso para pegar, e a dela estava mais fácil. Era para acontecer, foi na vontade de Deus, mas ele foi muito generoso”, diz.
“Vou sempre compartilhar e alertar as pessoas que empinam pipa e que tenham moto, para colocar a antena. Eu empinava pipa, mas não com essa linha. As pessoas têm que se conscientizar que essa linha mata”, finaliza.
Além do corte do pescoço, motociclista também feriu o dedo e precisará passar por cirurgia
Arquivo Pessoal
Uso de cerol é proibido por lei
O uso de cerol em linhas de pipa, a conhecida mistura entre cola e vidro, passou a ser proibida no estado com o Projeto de Lei 765/2016, aprovado pelos deputados da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) e sancionado pelo governador.
De autoria do deputado Coronel Telhada (PP), a proposta proíbe o cerol, assim como qualquer outro material cortante que possa ser aplicado nas linhas. A proibição abrange o uso, a posse, a fabricação e a comercialização da mistura cortante, também conhecida como ‘linha chilena’.
Caso a lei seja descumprida, a pessoa responsabilizada deverá pagar uma multa equivalente a 50 Unidades Fiscais do Estado de São Paulo (Ufesps), que equivalem a cerca de R$ 1.400 atualmente. No caso em que um estabelecimento descumpra a lei, a multa pode chegar a R$ 132 mil.
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