Litoral

Modelo desfigurada pelo ex ao ser agredida em SP não consegue mais emprego na área: ‘medo de sair na rua’


Vítima diz que inquérito policial não avançou, desde a denúncia. Gabriela Casellato Britto, de 25 anos, criou um grupo de apoio a mulheres em relacionamentos abusivos. Modelo foi agredida pelo ex-namorado enquanto dormia após terminar relacionamento
Reprodução/Redes Sociais
A ex-modelo e hoje microempresária Gabriela Casellato Britto, de 25 anos, ainda teme sair nas ruas, um ano após ter a mandíbula e o nariz quebrados pelo ex-namorado. Mesmo com medida protetiva estabelecida contra ele, a vítima afirma sentir “insegurança, medo e muita revolta”, já que, em sua avaliação, o inquérito policial avançou pouco desde a ida à delegacia.
“Eu tive que mudar a minha vida totalmente, com medo de ele ficar solto. Ele não está pagando pelo que fez, e eu ainda tenho medo de sair na rua. Eu ainda tenho medo de encontrar com ele em qualquer lugar”, relata.
Há um ano, a vítima prestou queixa contra o ex-namorado por agressão. Na época, em entrevista ao g1, ela contou que, um dia após terminar o relacionamento, ele quebrou a mandíbula e o nariz dela. Após o episódio, a então modelo conseguiu na Justiça uma medida protetiva que obriga o ex-namorado a manter o limite mínimo de 100 metros de distância dela.
Desde as agressões, Gabriela, que chegou a ficar com o rosto completamente deformado, parou com a profissão de modelo.
“Eu não sei se as pessoas têm receio pelo que aconteceu comigo, pelo nome que eu carrego, pela agressão. Aí, eu não consegui mais emprego, desde então. Mas, eu voltei a trabalhar, não no cargo que eu tinha, mas voltei a trabalhar. Me mudei, fui tocar a minha vida. A coisa que mais me deu motivação para isso foi a minha filha. Por ela, eu não posso parar. E isso foi muito bom, estou me sentindo bem melhor”, conta.
Recomeço
Além de conquistar uma nova profissão, como microempresária, Gabriela, que possui familiares nas cidades de Santos, São Vicente e Praia Grande, no litoral de São Paulo, passou a ser reconhecida nas ruas por outras mulheres presas a relacionamentos abusivos. “Elas me param em banheiros de shopping, no mercado, me abraçam e choram”, relata.
Por conta dessa identificação, ela criou grupos de apoio às vítimas nas redes sociais. Nas contas de Gabriela, 178 mulheres que possuíam relacionamentos abusivos foram aconselhadas por ela desde então. “Essa ajuda que consegui dar a outras mulheres é uma das coisas mais gratificantes”, afirma.
Jovem quebrou o nariz durante agressões sofridas pelo ex-namorado
Arquivo Pessoal
Inquérito
A medida protetiva que Gabriela conseguiu é um mecanismo que a Lei Maria da Penha oferece às mulheres, para evitar que o agressor se aproxime, e que elas sofram outras violências. Ainda que, no caso da ex-modelo, a medida esteja sendo cumprida, a vítima e seu advogado, Danilo de Matos Lopes, questionam a demora para a Polícia Civil dar continuidade ao inquérito.
“Infelizmente, o inquérito está parado. Não obtivemos retorno da delegacia. A colheita de material foi entregue ao delegado. Inclusive, juntei ao inquérito uma declaração pública do agressor, em que ele confessa a agressão. Entretanto, não houve a conclusão do inquérito ainda. Lastimável”, diz o advogado.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), o caso ainda é investigado, por meio de inquérito policial instaurado pelo 53º Distrito Policial, na capital paulista, onde Gabriela mora. A vítima e testemunhas foram ouvidas pela Polícia Civil. Após contato feito pelo g1, a pasta enviou uma nota em que promete expedir ordem de serviço para ouvir o agressor.
Defesa
Após a denúncia de Gabriela, no ano passado, o empresário Felipe José Pereira de Jesus, suspeito das agressões, se disse arrependido da atitude.
O g1 fez novo contato com a defesa de Felipe. O advogado do empresário, Luciano Manoel da Silva, disse apenas que o cliente “não teve mais contato nenhum com ela [Gabriela]. Ela pode ficar tranquila”.
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