Litoral

Militares denunciam assédio moral e humilhações em quartel de SP


Militares e ex-militares procuraram um advogado para denunciar perseguições que sofreram dentro da Fortaleza de Itaipu, em Praia Grande, no litoral de São Paulo. Militares e ex-militares denunciam assédio moral na Fortaleza de Itaipu
Seis pessoas, entre militares e ex-militares, procuraram um advogado para denunciar perseguições que relatam terem sofrido dentro da Fortaleza de Itaipu, em Praia Grande, no litoral de São Paulo. Dentre alguns casos, militares relatam terem sofrido humilhações e já presenciado castigos físicos. O Exército Brasileiro alega que não compactua com qualquer conduta ilícita envolvendo qualquer um de seus integrantes (leia mais abaixo).
Um dos militares, que prefere não se identificar, relata que está afastado desde o ano passado dos serviços que exercia na Fortaleza. Conforme afirma, ele está com alguns problemas de saúde que refletem as perseguições que viveu no local.
Segundo ele afirma, tudo começou após um processo disciplinar contra ele, envolvendo um outro oficial, que, conforme relata, foi julgado de forma parcial. Por esse motivo, decidiu procurar um advogado para acompanhar o processo. A partir desse momento que passou a ter um profissional representando sua defesa, afirma que a situação piorou dentro do quartel.
Militares denunciam assédio moral e humilhações na Fortaleza de Itaipu, em Praia Grande, SP
Reprodução/TV Tribuna
“Não seria a punição disciplinar, mas a maneira como o processo foi instaurado, e como foi conduzido, de maneira parcial. Deveria tudo ter sido apurado, inclusive, assim, eu não era o único ator do processo, então todos deveriam ter sido investigados ali naquele processo e não foi assim. Só eu fui, e por isso esse é o grande problema. Depois da instauração desse processo, eu constitui o advogado e quando ele entrou no caso as perseguições foram mais comuns e intensas”, afirma.
Conforme afirma, até para se afastar do Exército ele enfrentou dificuldades, mesmo tendo o laudo de um médico civil, pois teve documentos que solicitou à corporação e não foram entregues, ou, então, atrasaram a entrega. O militar tem mais de 20 anos de carreira, já serviu a Força Aérea Brasileira (FAB), já foi condecorado com a Medalha Marechal Hermes – honraria militar – por destaque intelectual por diversos cursos, e pela Medalha Osório, por excelente desempenho funcional.
O advogado Allan Kardec Iglesias explica que existiram exigências feitas que desrespeitaram os regulamentos. “Tinha de forma regulamentar três dias para apresentar a defesa e eles queriam que apresentasse a defesa em um único dia. Tivemos algumas oitivas de militares, oitivas de testemunhas, feitas sem o advogado, então feita às escuras”, conta.
Advogado explica que existiram exigências feitas que desrespeitaram os regulamentos
Reprodução/TV Tribuna
Testemunha
Um ex-militar, que também prefere não se identificar foi uma testemunha de um caso que aconteceu com um soldado em setembro de 2019. Segundo ele, o soldado teve que cumprir um excesso de exercícios. “Ele estava todo camuflado, o uniforme não era esse o do dia. Ele estava com o uniforme totalmente diferente de todos, com mochila, capacete, camuflagem, galhos na cabeça e uma réplica de fuzil em madeira”, diz.
De acordo com este militar, por volta de quatro horas e meia esse rapaz teve que fazer atividade física. “Por volta de quatro horas, quatro horas e meia, ele ficou fazendo atividade física, porque era de um lado para o outro né. Durante o expediente a gente viu ele correndo. Existe o risco da pessoa sucumbir de fato, porque é muito quente [o uniforme], você não transpira com ele, não é feito para esse tipo de coisa.
Sonhava em seguir carreira
As denúncias chegaram ao advogado entre os anos de 2021 e 2022, somando seis denúncias, entre militares e ex-militares. O ex-cabo Jefferson Djorkaeff Carvalho é um deles e denuncia que sofreu humilhações e acusações em um processo disciplinar, que, conforme afirma, é inocente.
Ex-cabo Jefferson Djorkaeff Carvalho é um dos que denunciam que sofreram humilhações na Fortaleza de Itaipu
Reprodução/TV Tribuna
“Desde o início do ano passado eu passei a ser perseguido de forma literal, então se eu fizesse qualquer coisa que não fosse dentro da linha, ou à risca, eu já era meio que coagido. Então eu não podia tomar qualquer atitude. Eu realmente tinha que ser um “cone” lá dentro, para que eu perdesse o holofote e conseguisse trabalhar normalmente”, afirma.
O militar atuou por cinco anos na Fortaleza de Itaipu e conta que sonhava em seguir carreira nas Forças Armadas, mas, a partir de 2021, após o atual comando assumir a Fortaleza, relata que os planos mudaram.
“Eu tinha ânimo, vontade de realmente seguir aquilo para o resto da minha vida. Mas aí depois foi me desgastando, tanto fisicamente, quanto psicologicamente, e não tinha mais vontade de trabalhar. Era como se fosse realmente só uma obrigação, de acordar toda manhã e falar “pô, eu tenho que ir realmente de novo para aquele lugar”, diz.
Exército
Em nota, o Exército Brasileiro informa que não compactua com qualquer conduta ilícita envolvendo seus integrantes. Afirma também que todo fato contrário à ética e à disciplina que chegue ao conhecimento da instituição é apurado internamente, de maneira a assegurar o direito dos envolvidos à ampla defesa.
Além disso, alega que a administração militar se preocupa com o bem-estar de seus integrantes. Por isso, qualquer militar que procure atendimento médico e necessite de licença é afastado para realizar tratamento. Essa avaliação é feita por médicos do Exército, conforme legislação em vigor.
No caso do ex-cabo Djorkaeff, alvo de dois processos administrativos para apuração de conduta, o Exército afirma que um dos procedimentos está em curso e, o outro, comprovou que ele aplicou castigos físicos em subordinados. A Justiça Federal foi acionada pelo ex-militar e negou o pedido para anulação da sindicância.
Por fim, o Exército Brasileiro informa que preza pela transparência e permanece à disposição para esclarecimentos.
Militares denunciam assédio moral e humilhações na Fortaleza de Itaipu, em Praia Grande, SP
Reprodução/TV Tribuna
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