‘Maníaco da Peruca’ vai a júri popular no Fórum de Santos, SP

Ele ficou conhecido como ‘Maníaco da Peruca’ por usar o acessório para cometer cinco crimes, entre 2014 e 2015. Previsão é que o júri dure de 2 a 3 dias. Flávio chegou no Fórum de Santos, SP, para o júri popular nesta terça-feira
Carlos Abelha/g1
O dentista Flávio do Nascimento Graça, de 39 anos, acusado de matar três pessoas ligadas a uma clínica dentária de Santos, litoral de São Paulo, vai a júri popular nesta terça-feira (5), no Fórum de Santos, no litoral de São Paulo. Os crimes ocorreram entre 2014 e 2015 e ele ficou conhecido como ‘Maníaco da Peruca’ por usar o acessório durante as ações.
Flávio é apontado como autor de três homicídios dolosos e duas tentativas de homicídio contra os donos e uma ex-funcionária da Clínica Americana. Depois de analisar imagens de monitoramento, a polícia descobriu que Flávio monitorava os passos das vítimas. Elas faziam parte de um consultório dentário concorrente ao dele, localizado na mesma rua.
De acordo com a investigação, Flávio cometeu os crimes por vingança. O dentista tinha entrado em falência e atribuía isso à concorrência. O acusado usava como disfarce uma peruca, e por isso ficou conhecido como ‘Maníaco da Peruca’. Flávio foi preso quatro anos após o primeiro crime.
Depois de mais de sete anos do primeiro crime, Flávio é julgado no Fórum de Santos, nesta terça-feira. O réu veio direto da Penitenciária Dr. José Augusto Salgado, a Tremenbé II.
O desafio da defesa será convencer as sete pessoas, que vão compor o júri popular, que o réu é incapaz de cometer os crimes. Já a acusação vai usar vários argumentos como provas contrárias a essa tese, principalmente, os laudos de dois exames que provaram que Flávio tem consciência de tudo o que fez.
Ao todo, pelo menos quinze testemunhas e dois sobreviventes devem ser ouvidos. Entre as testemunhas que serão ouvidas estão médicos psiquiatras que assinaram laudos de avaliações feitas em Flávio. A previsão é que seja um júri complexo e que dure de dois a três dias.
Flávio é preso (à dir.) após matar concorrentes utilizando peruca (esq.) em Santos, SP
Reprodução
Júri popular
O pedido para que Flávio vá a júri popular foi analisado e deferido pelo juiz titular da Vara do Júri e Execuções do Foro de Santos, Alexandre Betini, após dois laudos de sanidade mental do réu apresentarem resultados diferentes. Os exames foram pedidos após Flávio alegar que não lembrava do que tinha acontecido, durante seu depoimento à Justiça.
Diante disso, a defesa do réu pediu exame de sanidade mental por acreditar que ele tinha problemas psiquiátricos. O laudo solicitado foi assinado por dois médicos psiquiatras, peritos da Justiça, e atestou que Flávio tem esquizofrenia. No entanto, durante os exames, um perito do Centro de Apoio Operacional à Execução acompanhou o acusado e, com isso, emitiu um novo laudo.
O documento do perito do Ministério Público concluiu que o réu é inteiramente capaz de entender o que fez e afirma que Flávio não preenche os critérios para o diagnóstico de nenhum transtorno mental, inclusive esquizofrenia. Com a dúvida de ambos os laudos, o juiz decidiu que Flávio fosse a júri popular. A decisão foi publicada no Diário de Justiça Eletrônico no dia 22 de junho de 2020.
Vítima foi baleada em prédio no bairro do Gonzaga, em Santos
Adriana Cutino/G1
Mortes em série
Em 23 de dezembro de 2014, o empresário Agilson Corrêa de Carvalho, de 54 anos, foi morto com um tiro na cabeça quando saía da clínica dentária em que trabalhava. De acordo com testemunhas, o criminoso agiu sozinho e a rua onde ocorreram os disparos estava movimentada no momento da ação.
No dia 15 de julho de 2015, Aldacy Correa de Carvalho, de 56 anos, também foi assassinada ao sair de uma das unidades da clínica, no Centro de Santos. Ela estava acompanhada por outras duas pessoas que também foram alvos. Uma delas, Arnaldo Correa de Carvalho, de 54 anos, morreu após passar quatro meses internado.
O outro alvo, sobrinho de Agilson, de 21 anos, também foi atingido pelos disparos, mas sobreviveu. Os tiros acertaram de raspão o nariz e a nuca da vítima, que também precisou ser hospitalizada. A segunda sobrevivente foi uma mulher, de 40 anos, baleada em 23 de setembro de 2015, no bairro Gonzaga.
Flávio usava como disfarce uma peruca, e por isso ficou conhecido como ‘Maníaco da Peruca’. Ele foi preso em novembro de 2018, quatro anos após o primeiro crime, e o juiz alegou que o homem oferecia risco à sociedade, por isso, determinou sua prisão preventiva até o julgamento.
Policia divulgou novas imagens de crime em Santos
Reprodução/TV Tribuna
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