Mulher esfaqueada pelo ex no litoral de SP revela conversa antes do crime e diz ter sido surpreendida enquanto dormia

Golpes foram aplicados em frente à filha, de 12 anos. O filho dela, de 31, também levou facadas. Elza e Rafael namoraram por cinco anos
Arquivo Pessoal
Esfaqueada pelo ex-namorado em Itanhaém, no litoral de São Paulo, a secretária de escola Elza Alves Soares, de 49 anos, está recuperada fisicamente, embora ainda carregue as marcas, no corpo e na memória, da tentativa de feminicídio sofrida em 4 de fevereiro deste ano. Ela e o filho, de 31, foram golpeados por Rafael Batista, de 35, que estava foragido, mas foi preso na última quinta-feira (28). O rapaz também está recuperado das facadas.
Na noite do crime, Elza conta que o ex havia estado no apartamento dela, em um conjunto habitacional no bairro Guapiranga. A vítima afirma que não teve discussão, que o agressor apenas pediu para reatar o namoro de cinco anos, que havia terminado uma semana antes dos fatos.
“Falei que não queria mais e pedi para ele ir embora. Sempre falei com tanta educação”. Naquela madrugada, enquanto Elza dormia, Batista retornou ao imóvel e começou a golpeá-la diante da filha, de 12 anos. A menina chegou a pedir ajuda para o irmão, no quarto ao lado, e o rapaz também foi agredido. A adolescente então pediu socorro aos vizinhos.
Mulher esfaqueada pelo ex-namorado em Itanhaém fala sobre o crime
“Ele saiu [após terem conversado] e bebeu [álcool]. Se usou drogas eu não sei, mas bebida ele tinha bebido. Quando voltou já era de madrugada, quase de manhã, e foi quando aconteceu tudo”, conta a vítima, que lembrou já ter sido ameaçada pelo ex.
“Ele era muito ciumento, mas não me xingava, não me agredia. Muitas vezes falou que seu eu se não ficasse com ele, não ficaria com mais ninguém. Até cheguei a ficar com um certo receio disso, mas não achava que faria o que fez”, conta.
Elza foi golpeada em diversas partes no, como mãos, braços, peito e costas
Reprodução/TV Tribuna
Alerta de violência
Elza tem várias marcas pelo corpo, nas mãos, braços, peito e costas. Porém, diante do relato à reportagem e à polícia, a delegada da Delegacia da Mulher de Itanhaém, Damiana Shibata, ressalta que a vítima já sofria violência psicológica e, portanto, alerta sobre a situação para que outras mulheres peçam ajuda e evitem que a situação evolua para a agressão e o feminicídio.
“Como no caso da dona Elza, não havia tido uma agressão física anterior, mas [Batista] já demonstrava ciúme e falava que nunca ia admitir que ela se relacionasse com outras pessoas. Esse controle é uma forma de violência psicológica, que precisa ser identificada”, diz.
Damiana aponta que as mulheres têm dificuldade de entender que estão “dentro de um ciclo de violência”. “É importante que, não só a polícia, mas a sociedade como um todo auxilie as mulheres que sofrem violência domestica para que entendam [a situação] e possam procurar ajuda”.
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