Litoral

Empresária sofre com furto da única lembrança material deixada pelo irmão que morreu de Covid-19: ‘aquele microfone era um símbolo para mim’


Instrumento que era usado por ambos na igreja estava no porta-malas do carro, que foi arrombado em Santos, no litoral de SP. Aldo Tadeu Boeira Junior morreu há um ano em decorrência da Covid-19
Arquivo Pessoal
Uma moradora de Santos, no litoral de São Paulo, teve o carro arrombado e os instrumentos musicais que estavam no porta-malas furtados na madrugada do último domingo (1º). Entre os objetos levados, estava o microfone do irmão dela, Aldo Tadeu Boeira Junior, que faleceu há um ano. “O microfone era muito importante. Estar com ele me fazia sentir como se estivesse honrando meu irmão”.
O veículo estava estacionado no bairro José Menino, próximo à divisa da cidade. Ao g1, a empreendedora Nathália Boeira Amaral, de 34 anos, contou que havia ido à igreja com seu marido e, como saíram tarde do local, decidiram parar para comer antes de voltarem para casa.
“Não sou de voltar tarde para casa, mas saímos do lugar 1 hora e ainda ficamos mais 30 minutos no caixa por um erro de sistema na conta”, conta ela, que mal podia esperar o que estava por vir.
Ela relata que encontrou o carro arrombado e, no momento, sequer lembrou dos instrumentos no bagageiro. “Meu esposo falou que o porta-malas estava cheio. Fiquei tão tensa que nem queria olhar. Fiquei falando: ‘não poxa, a tampa está fechada, eles não pegaram nada’ e em segundos uma das minhas amigas que estava junto levantou a tampa. Depois disso foi só desespero”.
Nathália afirma que, quando viu o porta-malas sem a guitarra do marido e sem o microfone do irmão, ficou paralisada com seu bebê no colo. Após o ocorrido, as vítimas registraram um boletim eletrônico de ocorrência.
Aldo usava o microfone em suas atividades musicais na igreja
Arquivo Pessoal
Morreu em decorrência da Covid-19
O irmão de Nathália foi músico da igreja por muitos anos e, na época em que pegou Covid-19, morava em outro estado. “Meu irmão e a esposa dele foram para Paranaguá (PR) trabalhar no ministério de lá”.
A empreendedora conta que ele morreu aos 37 anos no dia 1º de maio de 2021, segundo ela por negligência médica. “Não fizeram um exame, mandaram ele para casa três vezes. Fizemos velório de caixão lacrado e, após um mês, descobrimos que ele nem havia feito o teste de Covid-19”, relata.
Valor financeiro e emocional
Nathália desabafa tanto sobre o valor monetário do microfone Shure, que custou cerca de R$ 4 mil, quanto emocional. “Realmente nunca tive nenhum microfone meu. Era dele. Meu irmão ministrou para a igreja usando aquele microfone e, agora, que também sou ministra na minha igreja, cantava com ele”.
Ela acrescenta: “O microfone era muito importante. Estar com ele me fazia sentir como se estivesse honrando meu irmão e o ministério dele. A vida dele era a música, a igreja”.
Nathália conta que o irmão não tinha bens como casa e carro. Tudo que tinha era um violão, deixado para a filha, e o microfone, herdado por ela.
Ela afirma que, ao chegar em casa, desabou. “Olhei para o celular e me dei conta de que era dia 1º. A mesma madrugada em que ficamos em oração porque meu irmão estava sendo transferido e precisaria ser entubado”, lembra.
Ela afirma que sempre lembrará da perda deste instrumento. “Eles não fazem ideia do mal que causam para as pessoas, das marcas que deixam e dos danos emocionais. Meu irmão é minha inspiração em cantar, meu exemplo. Ele servia à Deus sem reservas e aquele microfone era um símbolo para mim”.
A empreendedora ainda chegou a publicar nas redes sociais que procura pelos instrumentos, na esperança de que sejam devolvidos.
Guitarra do marido e microfone do irmão foram furtados
Reprodução/ Facebook
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