Manicure que perdeu duas referências maternas vai à casa de repouso em SP fazer trabalho voluntário para o Dia das Mães: ‘sinto como se fosse filha delas’

Moradora de Praia Grande (SP) foi abandonada no nascimento e viu mãe adotiva morrer quando tinha apenas 10 anos. Solange de Oliveira Mello vai à casa de repouso em Praia Grande (SP) para fazer trabalho voluntário
Thiago D’Almeida/g1 Santos
O abandono pela mãe biológica ainda na maternidade e a dor pela morte da adotiva quando tinha apenas 10 anos não tirou o brilho do Dia das Mães, celebrado neste domingo (8), de uma moradora de Praia Grande, no litoral de São Paulo. Pelo contrário, a manicure de 55 anos faz questão de trabalhar voluntariamente em uma casa de repouso na cidade para “fazer a unha” de idosas. Assim, segundo elas, as mulheres podem se sentir “mais bonitas” durante a comemoração da data com os filhos.
Ao g1, Solange de Oliveira Mello conta que vai semanalmente ao estabelecimento chamado “Bem Estar”, localizado no bairro Canto do Forte. O trabalho é sempre realizado sem qualquer cobrança. Os “dias de embelezamento especiais” para esta data aconteceram durante toda a última semana.
Como não conheci a minha mãe biológica, sempre que venho aqui, faço como se fosse para ela. Gosto de pensar que estão fazendo isso. Aqui, me sinto como se fosse filha delas!
Relação com as mães
As dificuldades em sua vida começaram horas antes do próprio nascimento. Pela família que a adotou, a mulher foi informada que a mãe biológica manifestou o desejo pelo abandono antes mesmo do parto. “Me contaram que ela queria ‘me dar’ ainda na ambulância [no caminho para o hospital]. O motorista, no futuro, se tornaria meu pai adotivo”.
Nascida na cidade de São Paulo, Solange explica que o homem em questão foi chamado por um enfermeiro três dias depois. A notícia mudaria a sua vida para sempre.
“Contaram que a minha mãe tinha me abandonado ainda no local. Ele ficou sensibilizado e, quando surgiu a possibilidade para a adoção, me levou para casa. Quando conheci a mulher que se tornaria a minha mãe adotiva, foi amor à primeira vista”, relembra.
Solange conta que apesar da situação financeira da família não ser de abundância, cresceu feliz até os seus 10 anos, quando a “segunda mãe” morreu. “Meu mundo desmoronou quando ela partiu. Eu a amava de paixão. Ela era meu tudo”.
O cuidado com o seu pai adotivo se tornou prioridade, e logo precisou trabalhar. Se desenvolveu como um “salão de beleza ambulante”, como gosta de dizer, e seguiu o próprio caminho. Hoje na Baixada Santista, a mulher celebra o Dia das Mães com seus dois filhos e uma filha.
Superação
Apesar das dificuldades, a manicure conta que aprendeu com cada situação que superou. “A vida é bela, e a gente tem que aprender com as coisas ruins. Sempre gostei de ajudar as pessoas, como gostaria de ser ajudada”.
Solange também não guarda mágoa da mãe biológica, pelo contrário, o sentimento é positivo. “Ela me abandonou, mas não sei o que passou. Quem sou eu para julgar? Ela me deu a vida, então, mesmo nessa situação, sou grata, pois me trouxe ao mundo”.
Mulher supera ‘dificuldades da vida’ e faz trabalho voluntário em casa de repouso
Thiago D’Almeida/g1 Santos
Trabalho voluntário
Embora não possa celebrar a data com as duas mães, a mulher faz questão de tornar o dia mais especial tanto para as idosas da casa de repouso quanto para os filhos delas.
O Dia das Mães é abençoado. Deixá-las mais bonitas, pra mim, é representar a gratidão por terem sido mães e acolhido os seus filhos. Quero deixá-las assim para que eles possam vê-las felizes!
Manicure faz trabalho voluntário para idosas em Praia Grande (SP)
Thiago D’Almeida/g1 Santos
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