Catraieiro preso há um ano por possível ‘mal-entendido’ em caso de tráfico de drogas responderá em liberdade.

André Correia Calado foi detido enquanto trabalhava com um colega na travessia entre Santos e Guarujá, no litoral de São Paulo. Ele afirma que o real traficante pulou na água ao ver a polícia. André Correia Calado e Júlio César de Moura foram presos por suspeita de tráfico de drogas, enquanto trabalhavam na travessia entre Santos e Guarujá (SP), em maio de 2021
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O catraieiro André Correia Calado, preso há mais de um ano por suspeita de tráfico de drogas, conseguiu o habeas corpus e vai responder em liberdade. Ele foi detido enquanto trabalhava com o colega Júlio César de Moura na travessia entre Santos e Guarujá, no litoral de São Paulo, durante operação da Polícia Civil de Carapicuíba (SP), realizada em maio de 2021.
Conforme apurado pela TV Tribuna, emissora afiliada à Rede Globo, o habeas corpus de Calado foi concedido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), no último dia 19 de maio, por falta de indícios de autoria no crime. Questões judiciais atrasaram a concessão do pedido de resposta em liberdade do profissional, pois o do colega Júlio Cesar de Moura foi aceito em dezembro de 2021.
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“Fiquei muito feliz, mas também angustiado. Eu estava doido para sair daquele lugar logo. Você recebe a notícia [da resposta em liberdade] às 17h, mas só sai às 21h. Fiquei como uma ‘barata tonta’ andando lá dentro. O pessoal ainda dizia: ‘Senta ai, já vai!’. E eu falava: ‘Quero ir embora logo, quero ir embora logo'”, relatou Calado à emissora.
Reencontro com família e colega
Ainda de acordo com o catraieiro, a saudade dos familiares foi uma das maiores dificuldades enfrentadas enquanto esteve preso. “Minha esposa sempre me visitava e trazia notícias da minha família, da minha mãe. Ela dizia que estava todo mundo bem, que as minhas filhas estavam bem. Ficar sem as pequenas foi um baque muito pesado, pois são muito apegadas a mim”.
O advogado que representa o catraieiro no caso, Renan de Lima Claro, destacou o tempo perdido pelo cliente na prisão. “Um ano e sete dias longe da família, longe do trabalho. Um ano e sete dias que nem Deus consegue devolver”.
Após o reencontro com Calado, repleto de emoção, o colega Júlio Cesar de Moura relatou à TV Tribuna que sentia como se tivesse tirado um “peso” de suas costas.
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Futuro
O advogado acrescenta que o processo ainda não foi encerrado e que ainda há uma série de etapas. “Os dois estão respondendo em liberdade ainda. Terão os interrogatórios e depois se inicia a fase de julgamento. Esperamos que seja a última ‘pedra de toque’ [termo do direito] nessa questão, nesse drama judicial vivenciado, e que se faça justiça”.
Entenda o caso
Os dois foram presos em flagrante durante o cumprimento de mandados de prisão pela Operação Open Sea. Um dos alvos da ação morava em Guarujá e, segundo informações da polícia, iria realizar a travessia naquele dia e horário com uma grande quantidade de drogas.
No momento da abordagem, os trabalhadores estavam com a embarcação atracada no lado de Santos, aguardando o horário para fazer a próxima travessia para Guarujá. Eles estavam acompanhados de apenas um passageiro, que chegou à embarcação com uma mochila.
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Quando viu os policiais civis chegando ao terminal, o passageiro teria, segundo o depoimento de ambos os catraieiros, tirado os sapatos, o casaco e deixado a mochila na embarcação, pulando no mar e fugindo a nado, sem ser visto pelos policiais. Os agentes chegaram e, no local, encontraram apenas André, Júlio e a mochila, com 16,6 kg de drogas, entre maconha e cocaína.
Os dois foram presos em flagrante pelo crime de tráfico de drogas e, em plantão judiciário, tiveram a prisão convertida em preventiva. Durante o período, ambos ficaram detidos no Centro de Detenção Provisória (CDP) I de Chácara Belém, na capital paulista.
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