
Idoso chegou a ter a prisão preventiva decretada, mas a detenção foi posteriormente convertida em internação psiquiátrica. Idoso foi internado em centro terapêutico (à esq.) por seis meses antes de ser expulso de condomínio
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O idoso de 70 anos expulso de um condomínio em Praia Grande, no litoral de São Paulo, acusado de ‘espionar’ vizinhas no banho [pelas janelas basculantes que dão acesso aos corredores do prédio] ficou internado por seis meses em um centro terapêutico antes de ser obrigado a deixar o local por decisão judicial. Um documento da clínica, obtido pelo g1 nesta sexta-feira (27), aponta que o homem apresentou “boa expectativa para mudança no padrão comportamental” durante a internação.
Além das ‘espionagens’ nos banhos, o idoso também foi acusado por moradores do condomínio Aramacá Aruana Araucária, localizado no bairro Guilhermina, de ameaçar, agredir e cometer injúrias contra eles. Os episódios começaram em 2020 e, no ano seguinte, ele teve a prisão preventiva decretada, mas a detenção acabou sendo convertida em internação psiquiátrica.
O homem foi internado por “transtorno afetivo de bipolaridade” no Centro Terapêutico Hope Is Life, em São Roque, entre outubro de 2021 e março de 2022. A reportagem entrou em contato com a defesa do idoso, por telefone, e com a clínica, por e-mail e pelo atendimento via WhatsApp, em busca de mais informações sobre o paciente, mas não obteve retorno até a última atualização desta matéria.
No relatório terapêutico de alta do idoso na clínica, anexado na decisão judicial enviada ao g1 pelo advogado Thyago Garcia, que representa o condomínio no processo, há o registro que o paciente encontrava-se “lúcido, orientado, com pensamento organizado” e apresentava “motivação em entender e desenvolver conhecimento para estabilidade de seu quadro”.
Demonstrou-se cooperativo, participativo e com boa expectativa para mudança no padrão comportamental.
Idoso é expulso de condomínio em Praia Grande (SP) após série de reclamações dos moradores
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Acusações
O idoso é acusado de importunação sexual por cinco moradoras do condomínio, sendo que, destes atos, três foram alvos de representações criminais.
Na decisão, há o registro – além dos casos de ‘espionagem’ nos banhos – que o homem chamou uma delas de “sapatona”, ameaçou estuprá-la e, em seguida, passou a amolar uma faca na direção dela. Ele também teria o ‘costume’ de exibir o órgão genital pelas dependências do local.
Idoso é expulso de condomínio de Praia Grande acusado de espionar vizinhas no banho
Nas imagens obtidas pelo g1 é possível ver um homem se aproximando da janela em um dos corredores do prédio (veja o vídeo acima). Segundo o advogado do condomínio, trata-se de um registro do idoso próximo ao apartamento de uma das moradoras que o acusaram da ‘espionagem’, embora não seja possível afirmar que o conteúdo seja um flagrante do crime.
Ainda de acordo com o advogado, o idoso também é acusado de agredir e ameaçar de morte o síndico do condomínio. Conforme registrado no documento, ele chegou a dizer a outros moradores que tinha “preparado a cova” do homem.
Prisão preventiva, internação e expulsão
O idoso teve o pedido de prisão preventiva decretado em agosto de 2021, após descumprir uma medida protetiva – distância mínima de 100 metros – estabelecida após ameaçar e perturbar o sossego do próprio síndico e de outros moradores, que não foram identificados à reportagem.
O pedido de prisão para o acusado, porém, foi convertido posteriormente na internação em uma clínica psiquiátrica, devido a problemas apontados como “possíveis transtornos mentais”.
A decisão pela expulsão do idoso é do juiz Sergio Castresi de Souza Castro, da 3ª Vara Cível de Praia Grande. No documento, o magistrado proibiu o homem de acessar e frequentar as áreas comuns e particulares do condomínio Aramacá Aruana Araucária, no bairro Guilhermina. Foi apontado também o prazo até o dia 5 de fevereiro para a desocupação do imóvel “sob pena de uso de força policial”.
Ao g1, o advogado Thyago Garcia, que representa o condomínio no processo, revelou que o idoso já deixou o local.
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