
Em Itanhaém, no litoral de SP, uma mulher pulou do carro em movimento após notar que o motorista estava seguindo por uma rota diferente. Ela havia sido reprovada no exame de habilitação de moto e chorava ao telefone, quando o homem disse que a levaria a um ‘lugar bonito para chorar melhor’. Montagem mostra carro da Guarda Municipal levando suspeito para delegacia e print da corrida no aplicativo
Guarda Civil Municipal de Itanhaém/Divulgação e Arquivo Pessoal
O g1 ouviu uma delegada que deu dicas de segurança para viagens com motoristas de aplicativo. Nesta semana, uma jovem de 21 anos pulou de um carro em movimento após o motorista desviar a rota e dizer que a levaria para “chorar em um lugar mais bonito” em Itanhaém, no litoral de São Paulo. O caso acendeu o sinal de alerta a diversas mulheres.
A titular da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Itanhaém, Damiana Shibata Requel deu algumas orientações à mulheres na hora de utilizar o transporte por aplicativo.
Solicitar veículos em aplicativos idôneos e conhecidos
“Quando o veículo chegar, [é importante] verificar se bate o carro, o motorista e a própria placa, além de ficar observando o trajeto que está descrito [aparece no aplicativo] para ver se ele está seguindo”.
Compartilhar a viagem com amigos e familiares
“Aí são mais pessoas acompanhando e a qualquer alteração [na rota] é possível acionarem a polícia, que está preparada para atender a esse tipo de ocorrência”.
Identificar uma situação de risco durante a viagem, e desde que esteja em local movimentado e seguro, que a mulher solicite a interrupção da corrida.
“[Deve] comunicar esse desconforto que ela teve para o aplicativo, assim eles podem registrar, apurar internamento e, inclusive, adotar medidas administrativas para punir a conduta”.
Priorizar o banco traseiro
A delegada recomenda que as passageiras sentem no banco traseiro, inclusive para identificar que é um veículo de transporte.
Sobre o fato de a jovem ter pulado do carro em movimento, a Damiana ressaltou que essa não é a melhor opção, pois, com a velocidade do veículo, a passageira “pode se ferir ao saltar e causar um dano maior”.
Comunicar a polícia
Caso o motorista de aplicativo se exceda e cometa algum crime que ofenda a moral da passageira ou que a ameace, a delegada orienta que a Polícia Civil seja comunicada para a elaboração de um boletim de ocorrência. “É sempre bom que ela leve ao conhecimento das autoridades e isso vai ser registrado e apurado”.
Comunicar o aplicativo
Segundo a delegada, alguns crimes, por exemplo, contra honra e ameaça, a pessoa tem um prazo de seis meses para manifestar a vontade que seja respondido criminalmente pela conduta.
“A ideia é que leve ao conhecimento do aplicativo e da polícia para que se acenda um alerta de que aquele motorista tem que ficar em observação”, finalizou.
G1 em 1 minuto – Santos: Mulher pula de carro em movimento após motorista mudar rota
Entenda o caso
A vítima contou ao g1 que estava no bairro Cibratel fazendo a prova de habilitação de moto. Ela ficou mal após ter sido reprovada no exame e chamou um motorista por aplicativo para voltar para casa. “Liguei para um amigo e estava conversando sobre isso na hora que entrei no carro. Quando desliguei, o motorista falou ‘por que você está triste, moça?'”.
A jovem respondeu que havia sido reprovada no teste de direção e o motorista perguntou se ela queria conversar sobre isso. Ela, no entanto, falou que não, que só queria ir para casa. O homem insistiu.
“Falei que não queria conversar e só queria ir para casa. Percebi que ele estava indo no sentido contrário do caminho onde moro. Começou a virar ruas que não eram [parte do caminho para casa] e, quando olhei, ele estava subindo o morro, e perguntei por que estava desviando”, contou. Segundo a jovem, ele não olhou para trás e continuou dirigindo.
“Em um tom maldoso, [falou] que estava me levando em um lugar bonito para chorar melhor. Na hora, só abri a porta e pulei [do carro]. Saí correndo e pedindo por socorro. Minha sorte foi que achei um cara com um cachorrinho. Ele [motorista] manobrou, pisou no acelerador, veio atrás de mim falando para eu voltar [para o carro]”, afirmou.
O que diz a empresa?
Em nota, a empresa de transporte por aplicativo 99 lamentou o caso e informou que, assim que a ocorrência foi registrada, o perfil do motorista foi bloqueado. Além disso, disse que mobilizou uma equipe para oferecer acolhimento e suporte à passageira.
A empresa também se colocou à disposição para colaborar com as autoridades, caso necessário, e afirmou ter segurança como prioridade, além de investir em recursos para oferecer proteção às usuárias, antes, durante e depois das corridas.
Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Itanhaém, SP
Polícia Civil/Divulgação
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