
Prefeitura de Santos (SP) disse investigar se a criança teria saído da escola com a mãe de uma colega de classe. No entanto, a mulher citada desmentiu a versão. Criança de 5 anos com autismo ‘escapou’ de escola no Gonzaga, em Santos (SP), na última quarta-feira (15)
Arquivo Pessoal
A mulher que teria sido acompanhada pela criança de cinco anos com autismo que ‘escapou’ da Escola Municipal Leonor Mendes de Barros, em Santos, no litoral de São Paulo, afirmou ao g1, neste domingo (19), que não teria como ter saído da unidade com a menina, pois ela sequer estuda na mesma sala da filha dela. A mãe citada na história tem 21 anos, não quis se identificar, mas afirmou que o posicionamento da prefeitura foi uma “história inventada”.
Quando questionada sobre a saída da aluna da escola, a Prefeitura de Santos informou, em nota, que em nenhum momento, eximiu a responsabilidade da escola em relação à aluna e, conforme informado na última quinta-feira (16), um dia após o ocorrido, a apuração inicial, baseada em depoimentos, apontou que a menina teria saído da unidade acompanhada da mãe de uma colega de classe (veja o posicionamento completo abaixo).
“Parece que foi toda uma história elaborada para tentar tirar toda a culpa da escola e da prefeitura, que é culpada por não ter tantos professores também”, disse ela.
Segundo a mulher, ela saiu rapidamente da escola com a filha, pois, na sexta-feira (17), as crianças deveriam ir fantasiadas à unidade, e ela ainda não havia providenciado a roupa para a filha, de 4 anos.
Enquanto saia, ela contou que uma outra mãe de aluno apareceu com a criança que havia escapado. “Ela me parou, pediu desculpas e disse que minha filha quase tinha sido atropelada. Falei que minha filha estava segurando minha mão”.
As duas então perguntaram para a garota que tinha ‘escapado’ com quem ela estava, mas a criança não soube responder. Diante dessa situação, a menina foi levada à escola, onde acabou encontrando a mãe, a autônoma Yasmin de Campos Fonseca, de 25 anos.
A mulher disse poder imaginar como Yasmin está abalada. “A partir do momento que a prefeitura falou que eu tirei a menina da escola, eu chamei a mãe dela para conversar e explicar certinho o que aconteceu. Se fosse com a minha filha eu nem sei o que faria, mas acho que faria o mesmo que ela”.
Criança de 5 anos com autismo escapou de escola no Gonzaga, em Santos (SP), na última quarta-feira (15)
Arquivo Pessoal
Acidente na escola
Ainda de acordo com a mulher, a filha estuda há três semanas na escola e já se machucou. “[A menina] falou para mim que uma professora estava brincando com outras crianças enquanto a outra [docente] estava conversando e minha filha estava sozinha [no balanço]”.
A criança fez um corte no nariz, mas, segundo a mãe, não foi profundo. “Me ligaram para buscar ela. A gente achou estranho, por que uma [criança] sozinha? Não levei no médico porque não foi nada grave, mas poderia ter sido”.
‘Indignada’
Ao g1, a autônoma Yasmin de Campos Fonseca, de 25 anos, e mãe da criança com autismo que ‘escapou’ da escola, disse que ficou surpresa e indignada ao receber o posicionamento da administração municipal. “Achei um absurdo total. Me deu uma crise de ansiedade na hora que vi”.
Segundo Yasmin, a prefeitura está tentando culpar terceiros e amenizar o caso. “Como eles sabem disso? Tem vídeo? Tem câmera? Imagens? Em nenhum momento eles me chamaram. Minha filha não é autorizada a sair com ninguém além das pessoas que estão na ficha de matrícula dela”.
O que diz a prefeitura?
A administração municipal ratificou que lamenta profundamente a saída da menina da escola sem a presença dos responsáveis legais e que todas as providências cabíveis já foram tomadas, além de uma sindicância que irá investigar a fundo o caso.
A Secretaria de Educação informou que todas as 86 escolas municipais atendem plenamente a recomendação do MEC em relação às diretrizes de educação inclusiva. Na escola citada, além dos professores, há 18 profissionais de apoio escolar inclusivo (PAEIs), sendo nove para cada período.
Em relação ao acidente da criança no balanço, a direção da unidade informou que a aluna matriculou-se neste ano letivo e que, desde o início das aulas, não houve nenhum acidente com a criança dentro da escola.
Caso ocorreu na última quarta-feira (15) na Escola Leonor Mendes de Barros, no Gonzaga, em Santos
Vanessa Rodrigues/Jornal A Tribuna
Relembre o caso
A autônoma Yasmin de Campos Fonseca, de 25 anos, passou por momentos de desespero ao buscar a filha na escola e descobrir que ela havia escapado da unidade. Ela afirmou ao g1 que a garota deixou o prédio sem que ninguém percebesse e, por sorte, foi encontrada por outra mãe de aluno – estava atravessando a rua e quase foi atropelada.
Yasmin contou que, ao chegar na escola, cumprimentou a professora e perguntou como a filha tinha se comportado em sala de aula. A docente respondeu que a menina tinha se saído bem e que iria chamá-la para ir embora.
“Na hora que ela virou para chamar, ela [filha] não estava dentro da sala de aula. Falou que olharia no banheiro e já fui procurando na outra sala”. Yasmin disse ter entrado em desespero quando a professora contou que a menina também não estava no banheiro.
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