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Inundações na República Democrática do Congo deixam quase 400 mortos


Chuvas intensas atingem desde quinta-feira na região de fronteira do país com Ruanda. Cidadãos congoleses resgatam pertences em meio a destroços após enchentes, em Nyamukubi, República Democrática do Congo
REUTERS/Stringer
As inundações e deslizamentos de terra provocados pelas fortes chuvas que atingiram o leste da República Democrática do Congo deixaram mais de 400 mortos, segundo um balanço divulgado nesta segunda-feira (8). O número ainda pode aumentar, à medida que mais corpos são encontrados.
Os trabalhadores passaram dias recuperando corpos cobertos de lama nas aldeias de Bushushu e Nyamukubi, ambas na província de Kivu do Sul, onde dias de chuva torrencial causaram deslizamentos de terra e transbordaram rios na quinta-feira.
“Deixamos tudo para trás”, disse Bahati Kabanga, 32, morador de Bushushu, que conseguiu resgatar seu único filho, mas perdeu uma tia, sobrinhos e uma irmã.
As intensas chuvas atingem a região desde quinta-feira o que provocou a cheia dos rios e deslizamentos de terra que destruíram as aldeias Bushushu e Nyamukubi.
Civis congoleses caminham sobre a lama após dias de chuvas intensas que causaram a morte de centenas de pessoas
REUTERS/Stringer
“Parece o fim do mundo. Procuro os meus pais e os meus filhos”, lamentou-se chorando Gentille Ndagijima, de 27 anos.
A jovem perdeu os dois filhos, suas duas irmãs e seus pais. Seu marido ficou ferido e está hospitalizado. “Não tenho família e não tenho casa. Agora tenho que buscar onde dormir”, relatou.
A República Democrática do Congo é um dos maiores países da África e um dos mais pobres do mundo, assolado pela corrupção e pela violência na parte oriental.
Luto Nacional
Os desabrigados precisam de tudo. Bakenga disse que “o governo provincial enviou um barco repleto de alimentos, lonas e medicamentos”.
O panorama, porém, segue sendo desolador. Há povoados inteiros submersos, casas destruídas e campos devastados.
O governo central decretou um dia de luto nacional na segunda-feira (8).
“Sou motorista. Havia voltado do trabalho, estacionei minha moto em casa e saí para ver os meus amigos. Quando voltei, minha casa, minha moto, e os membros da minha família haviam desaparecido” relatou Roger Bahavu, outro dos afetados em Nyamukubi.
Isaac Habamungu, membro da Cruz Vermelha local, disse que há muitos corpos. “Estamos atolados”, advertiu.
“Acreditamos que muitos corpos terminaram no lago (…) Nos perguntamos como vamos cuidar disso”, acrescentou, explicando que não tem sacos para cadáveres nem financiamento para suas atividades.
A catástrofe aconteceu dois dias depois das inundações que deixaram pelo menos 131 mortos e destruíram milhares de casas na vizinha Ruanda.
Chuva causou estragos em Ruanda
Rwanda Broadcasting Agency
No sábado, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse em visita ao Burundi que as tragédias são uma nova “mostra da aceleração da mudança climática e suas consequências dramáticas para países que não são responsáveis pelo aquecimento do planeta”.
Os especialistas afirmam que os fenômenos meteorológicos extremos ocorrem com maior frequência e intensidade devido à mudança climática.

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