Zelensky convida Lula para reunião durante o G7, diz Itamaraty

Convite do presidente ucraniano ocorre uma semana após visita de assessor da Presidência à Ucrânia. Além dele, Lula deve se reunir com o presidente dos EUA, Joe Biden. Zelensky pede reunião bilateral com Lula durante encontro do G7
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, propôs ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) uma reunião bilateral durante a cúpula dos líderes do G7, em Hiroshima, no Japão. A informação foi confirmada pelo Itamaraty à TV Globo.
Ainda não há, porém, confirmação da data do possível encontro. A viagem do presidente ucraniano para o Japão está prevista para o domingo (21).
O pedido ocorre uma semana após o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Celso Amorim, participar de uma reunião com Zelensky em Kiev, na Ucrânia.
Nas redes sociais, o presidente ucraniano disse ter afirmado a Amorim que o único plano de paz possível para terminar a guerra provocada pela invasão da Rússia ao seu país é o ucraniano e que discutiu a “possibilidade de realizar uma cúpula Ucrânia-América Latina”.
Na ocasião, ele ainda declarou que esperava receber o presidente Lula na Ucrânia e continuar o diálogo com o governo brasileiro.
Lula tem defendido que um grupo de países, incluindo o Brasil, lidere uma saída negociada para o fim da guerra, que já dura mais de um ano.
O presidente brasileiro, no entanto, afirmou que não planeja visitar a Rússia e a Ucrânia enquanto não houver um cessar-fogo.
O possível encontro entre os dois presidentes também terá como contexto as declarações de Lula sobre o conflito ucraniano.
Nas últimas semanas, falas de Lula atribuindo responsabilidade pela guerra também à Ucrânia geraram críticas de países, entre os quais os Estados Unidos.
O governo americano chegou a dizer que o Brasil “papagueia” propaganda russa e chinesa sobre a guerra na Ucrânia.
Após a repercussão, Lula mudou o tom e defendeu a integridade do território da Ucrânia e voltou a condenar a invasão russa.
Encontro com Biden
Segundo o governo dos Estados Unidos, Lula deve participar de reunião bilateral com o presidente americano, Joe Biden, durante a cúpula do G7. Não há confirmação da data do possível encontro.
Lula e Biden já se encontraram na Casa Branca, residência oficial do governo norte-americano em Washington, em fevereiro.
Na ocasião, fizeram uma defesa da democracia e ressaltaram a importância de uma parceria entre os dois países no combate às mudanças climáticas.
Lula no G7
G7: Lula se reúne com o Primeiro-Ministro japonês
O presidente Lula desembarcou em Hiroshima na última quinta (18) para participar, na condição de convidado, da reunião de cúpula do G7.
Mais cedo, na noite desta sexta — manhã de sábado no Japão —, Lula se reuniu com o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida.
A presença de Lula no G7 marca o retorno do Brasil, após 14 anos, à reunião do grupo que reúne as sete economias mais industrializadas do mundo (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido).
É praxe que outros países sejam convidados. Nesta edição, foram oito nações convidadas (Índia, Indonésia, Austrália, Ilhas Cook, Comores, Coreia do Sul, Vietnã e Brasil).
A última participação de um presidente do Brasil no G7 foi em 2009, com o próprio Lula. O petista pretende abordar temas como combate à fome, preservação ambiental e guerra na Ucrânia. Um dos documentos que deve sair após a cúpula tratará dos impactos de guerra na segurança alimentar.
A agenda fechada pelo governo brasileiro com reuniões separadas de Lula com outros chefes de Estado ou de governo que também estarão no G7 não previa os encontros com Biden e Zelensky.
O Planalto confirmou até o momento sete audiências:
primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese
presidente da Indonésia, Joko Widodo
primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida
presidente da França, Emmanuel Macron
primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz
primeiro-ministro do Vietnã, Pham Minh Chinh
secretário-geral da ONU, António Guterres
O Itamaraty e auxiliares de Lula também trabalham com a possibilidade de reuniões com representantes dos governos da Índia e do Canadá.
As reuniões com lideranças de outros países ocorrem entre sexta e domingo (21). Lula tem interesse nos encontros para reforçar a retomada das relações do Brasil no cenário internacional após quatro anos de isolamento no governo de Jair Bolsonaro.
No encontro com o primeiro-ministro japonês, que o convidou para o G7, Lula pretende tratar de investimentos, cooperação na área de descarbonização e a integração da comunidade brasileira no Japão (cerca de 204 mil pessoas), além de esforços para encerrar a guerra na Ucrânia e para combater as mudanças climáticas.
A expectativa é de que Lula trata da guerra e de preservação ambiental nos encontros com Macron e Scholz. Os líderes de França e Alemanha também tentam desde o ano passado intermediar o final do conflito.