Zelador que levou mordidas de morador diz ter ‘vergonha de tirar a camisa’ pela cicatriz; VÍDEO
Vítima das agressões pede R$ 50 mil na Justiça por indenização estética. Câmeras de monitoramento de um prédio em Praia Grande (SP) mostraram o momento da briga entre os dois. Zelador diz ter sido mordido duas vezes nas costas pelo morador
Arquivo Pessoal
O zelador de um prédio em Praia Grande, no litoral de São Paulo, que sofreu um mata-leão e mordidas nas costas de um morador, alega ter ficado com uma cicatriz no formato dos dentes do agressor. Ao g1, ele revelou, nesta sexta-feira (14), sentir vergonha ao tirar a camisa em público. “Quase arrancou um pedaço”, desabafou.
O zelador entrou com o processo em maio deste ano na 5ª Vara Cível da cidade. Ele pede uma indenização moral de R$ 50 mil e outra estética, no mesmo valor, por conta das mordidas.
Ao g1, o advogado Guilherme Oliveira Nunes, que defende o acusado, afirmou que o profissional que levou as mordidas já desrespeitou o cliente, o acusou e, inclusive, que ambos já haviam trocado xingamentos (veja o posicionamento completo no fim da matéria).
“Foram duas mordidas. Uma quase arrancou um pedaço e deixou essa marca, a outra deixou [a área da pele] vermelha”, lembrou. “Sinto vergonha de mostrar isso quando vou à praia ou a algum outro lugar em que preciso tirar a camisa”.
Vídeo mostra zelador de prédio levando ‘mata-leão’ de morador no litoral de SP
O zelador conversou com profissionais da área da estética e descobriu que a cicatriz não sairá naturalmente, apenas com determinados procedimentos. “Me indicaram que o melhor momento para tentar tirar é durante o inverno, no frio, em que vou ter que passar por um tratamento por um mês”.
“O zelador procurou até mesmo uma especialista em tatuagem para cobrir a marca, tamanha é a vergonha da cicatriz que possui”, acrescentou o advogado Thyago Garcia.
Cirurgião plástico
O g1 conversou com um cirurgião plástico que comentou sobre cicatrizes ao analisar as fotos. O médico afirmou que, a partir da imagem, a lesão não parece ser profunda.
“Acredito que essa cicatriz ainda melhore espontaneamente bastante com o tempo”, explicou o cirurgião plástico. “De qualquer jeito não tem indicação nenhuma de cirurgia. Isso só aumentaria a cicatriz”.
O profissional disse, por fim, que pode ser feito determinado tratamento na pele, como laser ou ácidos, “no sentido de atenuar o relevo e melhorar a coloração da cicatriz”.
O caso
As agressões aconteceram em um prédio no bairro Ocian, em dezembro de 2022. O zelador relatou que foi acionado por outros moradores que reclamaram do comportamento do agressor durante a madrugada, quando ele teria entrado no prédio fazendo barulho acompanhado de mais três pessoas, um homem e duas mulheres. O profissional alegou ter ido até o andar do condômino para conversar.
“Falei que, de acordo com as regras, nesse horário, não pode fazer barulho. Ele começou a falar besteira, dizendo que eu era folgado e que não gostava de mim”, explicou o zelador.
A vítima ressaltou que, após a resposta do homem, caminhou em direção ao elevador planejando descer até a portaria e chamar a polícia, porém, foi alcançado pelo agressor.
“Ele tentou me dar um soco, mas desviei. Acabei caindo no chão, e ele ‘aproveitou’ para desferir vários socos e mordidas nas minhas costas”, lembrou o zelador. “Um outro morador, que já estava conversando com ele antes, ajudou a me desvencilhar dele”.
Zelador de prédio em Praia Grande (SP) levou ‘mata-leão’ e mordidas nas costas do homem
Reprodução
“Não fiquei desacordado, mas foi por pouco. Já estava faltando o ar e, em mais uns 30 segundos, eu apagava”. desabafou o zelador, que mora e trabalha no prédio. “É um clima muito chato quando vou nesse andar, pois a recordação vem de imediato. Não tem como não lembrar desse dia”.
O que diz o acusado
O advogado do acusado, por meio de nota, afirmou que, diferentemente do que é dito pelo zelador no processo, o cliente não possui histórico de violência. “Certo que nunca anteriormente havia participado de brigas ou situações desse tipo”, apontou Nunes.
Ainda de acordo com o advogado, houve agressões recíprocas após o zelador ir até o apartamento do cliente dele e ofendê-lo. Ele acrescentou que as imagens mostram apenas o fim da briga, não o que iniciou a situação.
O advogado afirmou que, para o acusado, o “valor elevado da indenização pleiteada revela qual o verdadeiro objetivo do autor, que não é buscar uma satisfação por supostas agressões que acredita ter sofrido de forma injusta, e sim obter lucro fácil distorcendo os fatos”.
O profissional apontou também que, na visão do acusado, o argumento fica “mais evidente ao passo que o autor tenta a todo custo vincular a imagem de seu pai ao ocorrido, por este ser do meio político na região, mesmo sabendo que seu pai não teve nenhuma participação direta no ocorrido”.
“O acusado se declara inocente das acusações que lhe são impostas, comunica que tem cumprido todos os atos processuais, sendo certo que provará sua inocência no decorrer do processo, pois acredita na justiça”, finalizou.
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