Guarujá

Mercado decide demitir atendente que acusou criança preta de roubo no litoral de SP: ‘dor imensurável’


Menino tinha apenas mudado produto de prateleira. Olívia Cristina de Oliveira contou que o filho ficou traumatizado com o ocorrido. Olívia Cristina de Oliveira diz que o filho, de 11 anos, ficou traumatizado após ser acusado de roubo em Santos (SP).
Arquivo Pessoal
Uma professora diz que ela e o filho, de 11 anos, foram vítimas de racismo dentro de um mercado em Santos, no litoral de São Paulo. Olívia Cristina de Oliveira, de 40 anos, contou ao g1, neste domingo (30), que a criança foi acusada de roubo por um funcionário que, segundo administração, será desligado.
“Não desejo para ninguém a humilhação que passamos. Tenho certeza de que foi racismo porque o funcionário não parou mais ninguém, apenas eu e meu filho porque somos negros. É uma dor imensurável viver uma situação como essa”, enfatizou a vítima.
Olívia contou que mora no Rio de Janeiro com os filhos, mas está passando as férias na casa da irmã, no litoral paulista. De acordo com a professora, ela foi no mercado Dia, do bairro Gonzaga, para fazer uma pesquisa de preços dos produtos que iria comprar para um lanche.
“Assim que eu entrei, meu filho viu um saco de chiclete e me mostrou. Ele ficou falando que existia um tipo de chiclete diferente no supermercado. Nisso eu fui andando com ele, a gente não ficou parado em um lugar só”, relembrou.
Ela explicou ao menino que terminaria a pesquisa para ver se faria as compras naquele mercado. Por isso, a criança devolveu o doce, mas em uma prateleira diferente da que pegou o item. Em seguida, a professora chamou um funcionário para questionar a localização de um outro produto.
“Ele me informou, eu fui lá e vi o preço. […] Quando eu estava saindo do mercado com meu filho, esse mesmo funcionário que eu perguntei sobre o produto veio me abordar e falou que havia sido informado que o meu filho havia pegado um doce”, explica.
Segundo a turista, o homem disse que viu a cena em uma câmera. “Na hora me subiu o sangue. Eu fiquei muito revoltada com isso porque eu sei da índole do meu filho, eu sei que o meu filho é educado, é um menino de caráter”, enfatizou a mulher,.
Ela diz ter respirado fundo para perguntar à criança se ela tinha pegado o doce. Com a resposta negativa, Olívia questionou o filho do destino do pacote de chicletes que ele tinha tocado e o garoto mostrou onde o item estava. “Ele voltou dentro do mercado, pegou o saco de chiclete onde ele deixou e colocou de volta onde encontrou”.
De acordo com ela, enquanto a criança foi recolocar o saco de chicletes, o funcionário lhe abordou. “Falando assim para mim: ‘mãe, você converse com o seu filho porque poderia ser bem pior, diga a ele que não tem que fazer isso’. É um absurdo”, lamentou Olívia, dizendo que só não gravou o momento, pois estava sem celular.
“Fico indignada e revoltada porque é uma situação muito constrangedora para uma criança de 11 anos no auge da inocência, que fez isso como qualquer outra pessoa faz que é pegar uma coisa de uma prateleira e colocar em outra. Ele fez sem maldade nenhuma”, disse.
A professora contou, ainda, que a criança chorou muito e ficou traumatizada com o ocorrido. “Não conseguiu dormir, ficou tendo pesadelos”, enfatizou a mulher. Apesar de ter conversado com o filho, Olívia se preocupa com o futuro do menino.
“Eu fico preocupada com o psicológico do meu filho futuramente, para ele não ficar paranoico de que não pode pegar em nada porque senão será perseguido”, finalizou.
A mulher registrou um boletim de ocorrência na Delegacia Eletrônica. Em nota, a assessoria do mercado Dia informou que o estabelecimento lamenta profundamente o ocorrido e não concorda com a ação praticada.
“Possuímos políticas rígidas e não toleramos qualquer tipo de discriminação e violência, seja ela física ou verbal. Destacamos ainda que a pessoa envolvida será desligada e não atuará mais na loja”.
VÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos

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