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A Ucrânia conseguiu romper a primeira linha de defesa russa?


Equipe da BBC analisou até que ponto as forças ucranianas realmente progrediram e que sinais existem de novos avanços ao longo da linha de frente. A Ucrânia conseguiu romper a primeira linha de defesa russa?
GETTY IMAGES
Os generais ucranianos afirmam ter “rompido” a primeira linha de defesa da Rússia no sul.
A BBC analisou até que ponto as forças ucranianas realmente progrediram e que sinais existem de novos avanços ao longo da linha de frente.
A Ucrânia iniciou a sua grande contra-ofensiva no início de junho para expulsar as forças russas das terras que haviam sido tomadas. Foram atacados três pontos ao longo da linha de frente de mais de 965 km.
A área a sudeste da cidade de Zaporizhzhia é de longe a mais importante estrategicamente.
Um ataque nesse sentido em direção ao Mar de Azov, se for bem sucedido, poderá cortar as linhas de abastecimento da Rússia que ligam a cidade russa de Rostov-on-Don à Crimeia.

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Não houve muito progresso nessa frente, exceto na área ao redor das áreas de Robotyne e Verbove na região de Zaporizhzhia, conforme destacado em roxo no mapa acima.
Se a Ucrânia conseguir cortar essa principal rota de abastecimento, será praticamente impossível para a Rússia manter a sua enorme guarnição na Crimeia, que anexou em 2014.
Apesar dos obstáculos significativos, há agora avistamentos confirmados de tropas ucranianas rompendo as estruturas defensivas da Rússia ao longo da frente sul.

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A equipe da BBC Verify analisou nove vídeos das mídias sociais na linha de frente perto de Verbove.
Quatro dos vídeos mostram forças ucranianas violando as defesas russas ao norte de Verbove.
No entanto, eles mostram apenas incursões — e não a Ucrânia assumindo o controle da área.
Até agora só a infantaria ucraniana conseguiu passar, e não vemos colunas blindadas ucranianas passando, explorando o espaço e mantendo o terreno ocupado.
O que impede a Ucrânia de avançar mais rapidamente?
Moscou previu esse contra-ataque há muito tempo e passou meses construindo em profundidade as defesas em camadas.
É assim que elas parecem quando vistas do espaço – linhas de obstáculos interligados, trincheiras, bunkers e campos minados, cada um coberto por artilharia. Seus chamados dentes de dragão são barreiras antitanque de concreto.
Os vastos campos minados atrasaram o avanço ucraniano.
Bases russas fortalecidas
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Esses campos minados estão lotados — em alguns lugares há até cinco minas instaladas por metro quadrado.
A primeira tentativa da Ucrânia de atacá-los, em junho, fracassou rapidamente, com o moderno equipamento fornecido pelo Ocidente danificado e queimado. A infantaria ucraniana também fracassou, sofrendo duras baixas.
Desde então, Kiev teve que recorrer à remoção dessas minas a pé, muitas vezes à noite e às vezes sob fogo cerrado. Por isso o lento progresso até agora.

Os tanques e veículos blindados da Ucrânia são vulneráveis ​​às minas, drones e mísseis antitanque da Rússia – como mostra um vídeo analisado pela BBC Verify que exibe um tanque Challenger 2 fornecido pelos britânicos que foi atingido perto de Robotyne.
Eles só serão capazes de avançar em grandes quantidades quando um caminho suficientemente amplo tiver sido aberto através dos campos minados e quando a artilharia russa tiver sido derrotada.
O que deve acontecer agora com a contra-ofensiva da Ucrânia?
“O problema que os ucranianos têm agora”, diz Marina Miron, do Departamento de Estudos de Guerra do King’s College de Londres, “é conseguir uma abertura grande o suficiente para passar mais tropas.”
Entretanto, a Rússia tem movimentado reforços, e essa frente de batalha é dinâmica. A Rússia ainda pode reverter os ganhos da Ucrânia.
A equipe da BBC localizou geograficamente um vídeo de drone russo que apoia relatos de que as suas forças aerotransportadas de elite, as VDV, se posicionaram perto da cidade de Verbove – uma medida que visa impedir qualquer lacuna criada pela contra-ofensiva da Ucrânia.
“As forças ucranianas continuam enfrentando a resistência das forças russas no campo de batalha”, afirma Kateryna Stepanenko, analista russa do centro de estudos RUSI, com sede em Londres.
“Juntamente com o fogo de artilharia, os ataques de drones e as estruturas defensivas russas – as forças russas também estão usando extensivamente medidas de guerra eletrônica que visam impedir os sinais ucranianos e o uso de drones.”
A Ucrânia só progrediu pouco mais de 10% na sua rota até o litoral — mas a realidade tem se provado muito dura até agora.
As forças da Rússia estão exaustas e possivelmente desmoralizadas depois de terem sofrido três meses de ataques intensivos, incluindo ataques de longo alcance que têm como alvo as suas linhas de abastecimento.
Se a Ucrânia conseguir romper as demais defesas russas e chegar à cidade de Tokmak, isso colocaria as rotas ferroviárias e rodoviárias da Rússia para a Crimeia ao alcance da sua artilharia.
Se fizerem isso, então essa contra-ofensiva poderá ser considerada um grande sucesso.
Ela poderá não acabar com a guerra, que provavelmente se prolongará até 2024 e talvez por mais tempo – mas prejudicará seriamente o esforço russo e colocará a Ucrânia numa posição forte para que as negociações sobre um possível acordo de paz finalmente comecem.
Mas para Kiev, o tempo está passando. A estação das chuvas chegará dentro de semanas, transformando as estradas em lama e dificultando novos avanços.
Além disso, ainda há a incerteza das eleições presidenciais dos Estados Unidos, onde uma vitória republicana poderá ver o apoio militar dos EUA à Ucrânia ser drasticamente reduzido.
O presidente russo Vladimir Putin sabe que precisa resistir até lá. Os ucranianos sabem que têm de fazer com que essa contra-ofensiva seja um sucesso.
Reportagem de Jake Horton, Paul Brown, Benedict Garman, Daniele Palumbo, Olga Robinson e Thomas Spencer.
Gráficos de Tural Ahmedzade, Mark Bryson e Erwan Rivault.

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