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O que significa o ‘cessar-fogo sustentável’, defendido por Reino Unido e Alemanha em Gaza?


Pressão simultânea de famílias de reféns e de tradicionais aliados de Israel no exterior reforça o isolamento de Netanyahu. Manifestantes protestam por resgate de reféns israelenses em poder do Hamas após Israel admitir ter matado três dos sequestrados por engano, em Tel Aviv, em 16 de dezembro de 2023.
Violeta Santos Moura/ Reuters
Uma expressão chamou a atenção na expressiva pressão interna e externa que o governo de Benjamin Netanyahu vem recebendo sobre o custo humanitário de sua guerra contra o Hamas em Gaza: o cessar-fogo sustentável, descrito num artigo assinado pelos ministros das Relações Exteriores do Reino Unido e da Alemanha, dois dos maiores aliados de Israel na Europa.
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Diferentemente das vozes correntes em protestos de rua e em debates da ONU, David Cameron e Annalena Baerbock não pediram o cessar-fogo imediato, mas alertaram sobre a necessidade de preparar o caminho que leve à paz sustentável no Oriente Médio e dure “dias, anos, gerações”.
Tanto o Reino Unido quanto a Alemanha se abstiveram na votação da Assembleia Geral da ONU em 12 de dezembro, quando 153 países votaram a favor de um cessar-fogo.
“Um cessar-fogo insustentável, que rapidamente se transformaria em mais violência, apenas tornaria mais difícil construir a confiança necessária para a paz. Quanto mais cedo chegar, melhor. A necessidade é urgente”, escreveram os dois ministros.
O apelo coincidiu com a confirmação pelo Exército, no fim de semana, de que três reféns do Hamas em Gaza foram confundidos com terroristas e mortos por soldados israelenses, embora agitassem bandeiras brancas improvisadas e pedissem por socorro em hebraico.
As mortes amplificaram a raiva e novos protestos por parte das famílias dos 130 reféns que ainda estão em poder do Hamas, renovando as pressões sobre Netanyahu para que retome as negociações para a sua libertação.
O governo sente o peso do isolamento à medida que seus principais aliados no exterior tentam se descolar dos danos causados pelo número crescente de civis atingidos pela ofensiva israelense. As críticas à forma como premiê vem conduzindo a guerra reverberam na Casa Branca e tensionam as relações entre Joe Biden e Netanyahu.
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Num evento para arrecadar fundos para a campanha eleitoral, o presidente americano expôs a impaciência com os bombardeios indiscriminados de Israel e a ameaça concreta de isolamento do país. No artigo publicado no fim de semana pelo “Sunday Times”, os ministros das Relações Exteriores de Reino Unido e Alemanha insistiram nesse lema.
“O governo israelense deveria fazer mais para discriminar terroristas de civis, garantindo que a sua campanha tenha como alvo os líderes e agentes do Hamas”, ponderaram Cameron e Baerbock.
Ambos recomendaram o reforço de ajuda humanitária aos palestinos e a repressão aos colonos extremistas na Cisjordânia.
Ou seja, persistiram na tese de que o cessar-fogo entre Israel e Hamas não se sustenta apenas com o fim dos combates: é preciso preservar a perspectiva de coexistência pacífica entre judeus e palestinos.
Esta fórmula, contudo, não consta nos planos de Netanyahu. O primeiro-ministro prega a aniquilação do Hamas e a libertação dos reféns — equação que em 73 dias de guerra vem se revelando insolúvel em Gaza.
Israel mantém bombardeios apesar de pressão internacional
Israelenses Yotam Haim, Samar Talalka e Alon Shamriz (da esquerda para a direita) sequestrados pelo Hamas e mortos por engano por tropas israelenses em 15 de dezembro de 2023.
Foto: Divulgação/Exército de Israel

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