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Entenda o que é a geração dos “emocionados”

No início de um relacionamento amoroso, por vezes, surge a questão: expressar ou não os sentimentos? Para alguns, ser honesto desde o começo é visto como um ato de bravura. Todavia, cada vez mais, essas pessoas são estigmatizadas como “emocionadas” por revelarem seus sentimentos intensa e rapidamente.

Se pararmos para pensar na origem da palavra “emoção”, que do latim – ex movere – significa “mover para fora”, podemos dizer que, em termos de relacionamento, isso acontece quando a pessoa revela à outra aquilo que está sentindo ou pensando. Para a psicóloga e escritora, especialista em relacionamentos, Tatiane de Sá Manduca, é justamente o diálogo que pode abrir portas para uma relação.

“Relacionar-se pressupõe uma presença mútua, em que ambos são presentificados, demonstrando abertura, interesse e disposição para se envolverem um com o outro. Em tempos de liquidez, a sinceridade consigo mesmo e com o outro abre espaço para alteridade, e este é um elemento chave para quem deseja e valoriza construir uma relação”, afirma.

Jogo do desinteresse

Na obra “Será que é amor?”, segundo livro de Tatiane de Sá Manduca, a autora traça um paralelo com os famosos “joguinhos” que muita gente costuma fazer antes de se envolver de fato com alguém. “Algumas pessoas acreditam que a indiferença é uma forma de capturar a atenção do outro, na tentativa de colecionar desejos e preservar o narcisismo; e o imperativo é não se frustrar diante da decepção de não ser quisto pelo outro”, diz.

Ela menciona diversas letras de músicas do repertório nacional para ilustrar a maneira como nós, muitas vezes, lidamos e encaramos o amor. Em uma destas citações, ela relembra da famosa letra de Evidências, da dupla Chitãozinho & Xororó… “Eu me afasto e me defendo de você, mas depois me entrego”.

O termo “emocionado” tornou-se pejorativo em uma sociedade que valoriza a individualidade e desvaloriza os sentimentos Imagem: fizkes | Shutterstock

Importância de se validar

Com o tempo, o termo “emocionado” ganhou um sentido pejorativo, em uma sociedade que prioriza cada vez mais a individualidade e não valida os próprios sentimentos. “Será que estamos construindo uma sociedade cada vez mais distante do laço afetivo e de experiências de ligação?”, questiona Tatiane de Sá Manduca.

A resposta é: depende. Depende dos objetivos e do que se busca no outro. Não se pode esquecer também das pessoas que exigem ser correspondidas na sua totalidade, em todas as suas necessidades ou “neuroses” pelo outro.

Por isso, Tatiane de Sá Manduca reitera sobre a importância do diálogo. “O desencontro entre as palavras e a escuta fecha as portas para o diálogo, para a possibilidade de escutar na tentativa de uma possível aproximação do mundo alheio a nós”, observa.

Tempo e construção

A geração dos “emocionados” é apontada como aquela que demonstra seus anseios e vontades num curto intervalo de tempo. Isso acontece porque se criou a ideia de que, para começar um namoro, é preciso levar um determinado tempo (sejam dias, meses ou anos), e não necessariamente precisa ser assim.

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No entanto, para a psicóloga, as relações estão baseadas muito mais em experiências, do que no tempo em si. “O amor é também uma oportunidade de a gente se ver pelos olhos do outro, de poder ser como a gente é. O amor tem a ver com a intimidade, com uma construção que acontece no tempo, tempo este da experiência e de reconhecer o outro, não como uma extensão de nossas fantasias”, finaliza.

Por Bianca Goes

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