Mãe de PM da Rota diz ter sido abandonada pelo Estado e afirma que Operação Escudo não trouxe o filho de volta
Ação das polícias Civil e Militar teve início após a morte do PM da Rota Patrick Bastos Reis, em 28 de julho de 2023. Em 40 dias, de acordo com a SSP-SP, 958 pessoas foram presas e 28 suspeitos morreram em supostos confrontos com policiais. Pais de PM Patrick Bastos Reis, que morreu há exatamente um ano, vivem o luto intensamente
Arquivo pessoal e Reprodução
A morte do policial militar Patrick Bastos Reis, de 30 anos, que desencadeou a Operação Escudo na Baixada Santista, no litoral de São Paulo, completou um ano. Ao g1, a mãe dele e corretora de imóveis Claudia Reis, de 54 anos, contou que ainda vive intensamente o luto e lamenta não ter tido apoio da Polícia do Estado de São Paulo durante este período.
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A Operação Escudo teve início após a morte do PM da Rota Patrick , em 28 de julho de 2023. Nos 40 dias, conforme divulgado pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP), 958 pessoas foram presas e 28 suspeitos morreram em supostos confrontos com policiais.
Claudia contou que a família era de Santa Maria (RS), mas ela e o marido decidiram se mudar para São Paulo para ficar perto do filho, que foi transferido para capital paulista. A mãe não esconde o orgulho que sentia de Patrick, que era casado, tinha um filho de três anos e sonhava em ser campeão mundial de jiu-jitsu.
A corretora disse que encontrou o governador do Estado de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), no enterro do filho. “Ele falou que nos apoiaria. Depois disso, nunca mais tivemos sequer chances de falarmos com ele novamente”, afirmou ela.
Durante este um ano, a mãe explicou ao g1 que contava com o apoio do Governo do Estado, já que ela e o marido ficaram com problemas emocionais e financeiros após a morte do filho.
“Quer dizer que, depois que um policial morre, pai e mãe não tem mais vez e nem voz? Quero empatia, consideração e solidariedade com os pais do herói deles”, disse Claudia.
Família do PM da Rota Patrick Bastos Reis, morto em julho de 2023, passa por problemas emocionais e financeiros
Arquivo pessoal
Operação
Depois de perder o filho, a mulher e o marido pararam de ver notícias e acessar as redes sociais. Por este motivo, não faziam ideia da Operação que havia sido desencadeada na Baixada Santista, no litoral de São Paulo, após a morte de Patrick.
“A polícia achou que era uma operação necessária para que fosse feita Justiça na morte do nosso filho. Mas, particularmente, para nós não teve vantagem e nem desvantagem porque nada que fosse feito traria nosso filho de volta”, lamentou a mãe.
Secretaria de Segurança Pública
Em nota, a SSP-SP disse que lamenta profundamente a morte do soldado Patrick. Segundo a pasta, na época, a mãe do PM foi colocada em contato com o Núcleo de Apoio a Vítimas de Violência (NAVV) do Ministério Público e teve à disposição o apoio psicológico da Polícia Militar, por meio do Centro de Atenção Psicológica e Social (CAPS).
Ainda de acordo com a SSP, a indenização pela morte do soldado foi paga à esposa e ao filho dele. Já Claudia acrescentou que continuará lutando para que respeitem a memória de Patrick e a história da família.
“O governo do Estado de São Paulo nos abandonou, a mim e meu esposo. A frieza com que nos tratam é surreal, pensam que meu interese é fama e dinheiro”, finalizou ela.
Policiais réus
Já houveram três denúncias da Operação Escudo. Ao todo, são seis policiais militares réus. A SSP-SP informou que não comenta decisões judiciais.
Em dezembro de 2023, os policiais Eduardo de Freitas Araújo e Augusto Vinícius Santos de Oliveira se tornaram réus. Em abril, foi a vez dos agentes Rafael Perestrelo Trogillo e Rubem Pinto. Em julho, foram os PMs Ivan Pereira da Silva e Marcos Correa de Moraes Verardino — este último era o coordenador operacional da Operação Escudo.
Justiça torna réus PMs da Rota por forjar confronto e matar homem na Operação Escudo
Violações dos direitos humanos
Nos 40 dias de ação, segundo divulgado pela SSP-SP, 958 pessoas foram presas e 28 suspeitos morreram em supostos confrontos com policiais. Desde o início da ação, instituições e autoridades que defendem os direitos humanos pediam o fim da operação.
Um deles foi o Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), que reuniu ao menos 11 relatos de violações dos direitos humanos durante a Operação Escudo. Com isso, o conselho recomendou ao governo paulista que encerrasse a operação e apresentasse esclarecimentos sobre as circunstâncias das mortes em decorrência da intervenção policial.
A Defensoria Pública de São Paulo e a ONG Conectas Direitos Humanos entraram com uma ação civil pública com pedido de tutela antecipada para que a Justiça obrigue o governo paulista a instalar câmeras corporais nos policiais militares e civis que atuavam na Operação Escudo.
No dia 5 de setembro, o governdo de SP anunciou o fim da Operação Escudo, deflagrada pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP).
Operação Verão
Operação Verão foi intensificada após as mortes dos policiais militares Marcelo Augusto da Silva, Samuel Wesley Cosmo e José Silveira dos Santos
Reprodução/Redes Sociais e g1 Santos
Em 2024, com novas mortes de PMs na região, o governo voltou a realizar operações na Baixada – desta vez, batizadas de Verão. Entre 3 de fevereiro e 1º de abril, 56 pessoas foram mortas em ações policiais.
Com as operações na Baixada, as mortes cometidas por policiais subiram 86% no primeiro trimestre de 2024, segundo ano do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) em São Paulo.
À época, entidades de direitos humanos denunciaram na Organização das Nações Unidas (ONU) o governador Tarcísio e o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite. Tarcísio rebateu:
“Sinceramente, nós temos muita tranquilidade com o que está sendo feito. E aí o pessoal pode ir na ONU, pode ir na Liga da Justiça, no raio que o parta, que eu não tô nem aí”, disse o governador.
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