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Dólar passa de R$ 5,65 e Ibovespa cai, com juros americanos, Nvidia e indicação de Galípolo no radar


No dia anterior, a moeda americana fechou em alta de 0,99%, cotada a R$ 5,5564, e o Ibovespa subiu 0,42%, aos 137.344 pontos, renovando seu recorde histórico.
Pixabay
O dólar abriu em alta nesta quinta-feira (29), com investidores repercutindo novos dados da economia dos Estados Unidos divulgados hoje.
O Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu 3,0% no segundo trimestre, acima das projeções, de 2,8% e da primeira prévia, que mostrava uma alta de 1,4% da atividade econômica.
Também, o Departamento do Trabalho divulgou que os pedidos iniciais por seguro-desemprego da última semana foram 231 mil, menor que os 232 mil esperados e que os 233 mil da semana anterior.
Além disso, o mercado repercute novas falas de um dirigente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
Raphael Bostic, diretor do Fed de Atlanta (os Estados Unidos têm unidades regionais do seu BC), disse ontem que a inflação em queda e a taxa de desemprego acima do esperado indicam que pode ser “hora de agir” e cortar as taxas de juros no país, hoje entre 5,25% e 5,50% ao ano.
O dirigente, porém, reforçou que quer ter mais clareza antes de tomar uma decisão que dê início ao ciclo de cortes, o que trouxe mais volatilidade ao mercado, apesar do presidente do Fed, Jerome Powell , afirmar na semana passada que “chegou a hora” de cortar os juros.
No mundo corporativo, o resultado financeiro apresentado pela fabricante de chips e semicondutores Nvidia — uma das maiores empresas do mundo — ontem traz dúvidas sobre a sustentabilidade do setor de inteligência artificial para os investidores.
No Brasil, investidores seguem repercutindo a indicação de Gabriel Galípolo, atual diretor de política monetária do Banco Central do Brasil (BC), ao comando da instituição.
Galípolo é visto com bons olhos pelo mercado, que espera que o BC continue independente
Veja abaixo o resumo dos mercados.
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Dólar
Às 11h55, o dólar subia 1,49%, cotado a R$ 5,6349. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,6620. Veja mais cotações.
No dia anterior, a moeda americana teve alta de 0,99%, cotada em R$ 5,5564.
Com o resultado, acumulou:
alta de 1,41% na semana;
recuo de 1,73% no mês;
alta de 14,51% no ano.

Ibovespa
No mesmo horário, o Ibovespa caía 0,73%, aos 136.342 pontos.
Na véspera, o Ibovespa fechou em alta de 0,42%, aos 137.344 pontos, renovando seu maior patamar histórico.
Com o resultado de hoje, o Ibovespa acumulou:
alta de 0,86% na semana;
alta de 7,15% no mês;
ganhos de 1,93% no ano.

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O que está mexendo com os mercados?
Os novos dados da economia americana, além da declaração de Raphael Bostic, reascendem as dúvidas sobre o que vai acontecer na próxima reunião do Fed, que acontece em setembro.
O PIB maior que o esperado mostra uma economia ainda resiliente, na contramão dos temores mais recentes do mercado, que acreditavam que os Estados Unidos poderiam estar perto de uma recessão. Na mesma linha, o número de pedidos de seguro-desemprego abaixo do esperado também reforça uma persistência da atividade econômica.
Investidores ponderam que números melhores na economia podem levar o Fed a ter uma postura menos estimulante. A percepção geral do mercado é que, na próxima reunião, a instituição deve iniciar um ciclo de corte nos juros, mas há dúvidas sobre a magnitude desses cortes e quanto tempo vão durar.
Especialistas se dividem entre os que esperam um corte mais moderado, de 0,25 ponto percentual, e outros que projetam 0,50 ponto percentual.
Na semana passada, o presidente do Fed, Jerome Powell, no Simpósio de Jackson Hole, afirmou que “chegou a hora” de cortar os juros dos Estados Unidos, o que melhora as perspectivas para investimentos de risco no mundo todo. Ele não indicou qual será a magnitude de corte, mas disse que há um “amplo espaço” para isso.
“Faremos tudo o que pudermos para apoiar um mercado de trabalho forte, ao passo em que progredimos mais em direção à estabilidade de preços”, disse Powell, que também garantiu que a instituição “não busca e nem recebeu bem uma desaceleração nas condições do mercado de trabalho”.
Os juros americanos estão no maior patamar em mais de 20 anos, entre 5,25% e 5,50% ao ano. E havia expectativa desde o início do ano para o momento em que o Fed fosse iniciar o ciclo de redução das taxas.
Juros menores tendem a impulsionar a atividade econômica por baratear a tomada de crédito para pessoas e empresas. Além disso, a queda das taxas também diminui a rentabilidade dos títulos do Tesouro americano (Treasuries), considerados os mais seguros do mundo, o que beneficia ativos de risco, como mercados de ações e moedas de outros países.
Mas se os juros caírem menos que o esperado ou num ritmo mais lento, os mercados não ganham tanto impulso.
Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, comenta que os dados de hoje não serão suficientes para diminuir as incertezas sobre o tamanho do corte na taxa de juros que iniciarão o ciclo de afrouxamento monetário em setembro.
“No momento, o mercado está atribuindo 67,5% de probabilidade para um corte de 0,25 ponto percentual e 32,5% para um corte de 0,50. Os números de inflação medida pelo PCE a serem divulgados amanhã certamente terão mais peso na eventual recalibragem das expectativas”, diz Igliori.
Cautela com a Nvidia
Ainda no cenário internacional, o balanço da gigante da tecnologia Nvidia pesa sobre os mercados. A fabricante de chips e semicondutores teve ganhou de US$ 16,6 bilhões no segundo trimestre, uma alta de 168% em relação ao mesmo período do ano passado.
Apesar da disparada, o resultado é muito menos expressivo do que o calculado no primeiro trimestre deste ano, quando o lucro da companhia subiu 628% em relação ao mesmo período de 2023, o que repercutiu negativamente entre os investidores.
A empresa também apresentou as estimativas para o próximo trimestre, quando espera ter uma receita de US$ 32,5 bilhões. A informação não impressionou investidores, que apostavam em números mais altos — de olho no futuro da inteligência artificial (IA) generativa.
Os números, mesmo que expressivos, geram dúvidas sobre o forte fluxo de dinheiro tanto para a Nvidia quanto para o setor de tecnologia. No ano, as ações da empresa já dispararam cerca de 150%, com a expectativa de receitas e lucros extraordinários. Mas a alta menor do lucro faz o mercado questionar até onde esse otimismo pode ir sem gerar uma bolha.
Uma “bolha” no jargão econômico acontece quando um mercado ou setor produtivo cresce a um ponto que se descola da realidade e dos fundamentos econômicos daquele cenário. Nesse caso, haveria uma bolha se analistas estiverem projetando lucros e avanços ao setor de inteligência artificial a patamares maiores do que eles podem alcançar.
O problema de uma bolha é que ela pode gerar consequências em cascata por toda a economia.
Na bolha da internet nos anos 2000, conhecida também como bolha “PontoCom”, por exemplo, o desenvolvimento dos primeiros serviços virtuais levou os investidores a despejarem rios de dinheiro sobre empresas do segmento, que em pouco tempo não se provaram tão úteis ou rentáveis.
O desespero generalizado para vender as ações fez o valor de mercado dessas empresas derreter. Mais de 500 empresas fecharam as portas, com uma estimativa de que o mercado tenha perdido cerca de US$ 5 trilhões.
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Mercado interno monitora indicação de Galípolo
Já na agenda econômica nacional, o destaque é a indicação do economista Gabriel Galípolo para presidir o Banco Central (BC) na véspera. Galípolo atualmente faz parte da diretoria do BC.
A indicação foi anunciada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no Palácio do Planalto.
“O presidente da República me incumbiu de fazer um comunicado aqui de que hoje ele está encaminhando ao Senado Federal o indicado dele para a Presidência do Banco Central, que vem a ser o Gabriel Galípolo, que hoje ocupa a Diretoria de Política Monetária do Banco”, declarou Haddad.
Haddad também explicou que, a partir do anúncio, o governo vai “começar a trabalhar para definir os três nomes que irão compor a diretoria até o final do ano”.
Escolhido pelo presidente da República, Galípolo ainda precisa receber o aval do Senado Federal antes de assumir o cargo.
A indicação de Galípolo foi bem recebida por agentes do mercado financeiro. Desde sua nomeação para a diretoria, em maio do ano passado, especulava-se que ele poderia ser o futuro indicado de Lula à presidência da instituição.
O mercado, inclusive, desconfiou que a proximidade entre eles pudesse gerar interferência política nas decisões de taxa de juros do país. Mas a atuação e declarações de Galípolo em mais de um ano de BC deram algum conforto de que ele comandaria o BC com um olhar técnico.
Analistas ouvidos pelo g1 reforçam que ele ainda precisará confirmar na prática que o BC continuará independente. Em especial, porque Lula passou os dois primeiros anos de mandato criticando a presidência da instituição.

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