Ministro da Fazenda falou com a GloboNews nesta quarta-feira (4) e respondeu sobre os temas que têm chamado a atenção na economia do país. Ele defendeu ajuste fiscal, mas não em cima dos pobres. Fernando Haddad afirma que Brasil cresce com inflação baixa
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deu entrevista à GloboNews nesta quarta-feira (4) em que falou sobre os principais pontos da economia do país no momento:
Ajuste fiscal
Inflação
Juros
Gastos obrigatório do governo
Crescimento do PIB
A entrevista do ministro ocorre em um momento importante para a equipe econômica. De um lado, o país vem registrando crescimento no emprego e aumento acima do esperado da atividade da economia. Do outro, o governo tem dificuldade para fechar as contas do ano sem rombo, e a inflação começa a ameaçar, o que pode levar ao aumento dos juros.
Veja abaixo o que de principal disse Haddad:
Ajuste fiscal
Haddad afirmou que sua ideia sobre ajuste fiscal foi se moldando à medida em que ele chegou ao governo e tomou conhecimento da situação do país.
Haddad explicou que sempre houve duas correntes: a que não considerava o ajuste fiscal importante e a que pregava o ajuste fiscal em cima de programas sociais, em cima do pobre.
O ministro diz que não adota nem uma nem outra. Para ele, o ajuste fiscal é importante. E não deve ser feito em cima do pobre, mas de quem, segundo ele, historicamente deixou de pagar impostos
“Eu tenho um diagnóstico da economia brasileira que destoava um pouco das visões correntes no começo do governo. Tinha uma certa visão, de certos economistas que diziam que a questão do ajuste fiscal não era importante. O governo podia ser mais leniente com essa questão. E havia outros economistas que diziam que não, que a questão fiscal era importante, mas o ajuste tinha que ser feito nos programas sociais – em relação ao salário mínimo, corte de benefícios e assim por diante”, começou o ministro.
“Nós não adotamos nem uma visão, nem a outra. A nossa visão foi de que o ajuste fiscal era importante, mas o ajuste fiscal tinha que ser, pela primeira vez na história do Brasil, feito em cima de quem deixou de pagar impostos”, completou.
Haddad diz que dados positivos da economia são resultado de ‘ciclo virtuoso’ gerado por ‘ajustes no lugar certo’
Inflação
Questionado pela GloboNews, Haddad disse não ver grande risco de que um crescimento maior da economia – que leva a um mercado mais “aquecido” – acabe gerando um descontrole de preços.
“Se você for tomando os cuidados devidos, e fazendo as reformas. Se controlarmos a oferta, não vamos ter pressão inflacionaria em um futuro próximo. Brasil não tem razões para crescer menos do que a média mundial. Media mundial tem sido em torno de 3%”, disse Haddad.
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Juros
Haddad evitou, no entanto, de responder sobre o patamar dos juros básicos da economia – principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação.
O comitê que define esses juros se reúne na próxima semana, e pode elevar a taxa Selic para “esfriar” a economia e conter a inflação.
Essa possibilidade está na mesa porque a atividade econômica está acelerada, o que pode levar à elevação dos preços se o país não produzir bens em um ritmo que acompanhe o aquecimento da economia.
“Confiamos na capacidade técnica, não acho elegante da minha parte dizer o que o BC tem de fazer. Assim como eles também respeitam a autoridade fiscal da Fazenda”, resumiu.
Gastos obrigatórios do governo
Haddad também avaliou que será necessário realizar um debate sobre o crescimento dos gastos obrigatórios, que estão avançando fortemente com o crescimento das despesas previdenciárias (chamadas de despesas obrigatórias).
Além disso, essas despesas são vinculadas ao crescimento do salário mínimo, que subiu acima da inflação.
Se nada for feito sobre despesas obrigatórias, Haddad admitiu que os gastos livres dos ministérios (conhecidos como “discricionários” ou não obrigatórios), acabarão nos próximos anos – o que poderá levar a uma paralisia do Estado e o fim de recursos para algumas ações importantes.
“Todas regras mantidas, as despesas obrigatórias vão consumir as despesas discricionárias. Vamos ter de fazer um debate sobre isso”, declarou Haddad.
PIB acima do esperado
Nesta terça (3), o IBGE divulgou que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1,4% no 2º trimestre de 2024, na comparação com os três meses imediatamente anteriores. Foi o 12º trimestre seguido de alta no PIB.
Para o ministro, os dados positivos da economia são resultado de um “ciclo virtuoso” gerado por “ajustes no lugar certo”.
“Quando você faz o ajuste sobre os mais pobres, derruba o consumo e o investimento. Ninguém vai investir sem ter para quem vender. Agora a pessoa está investindo pois tem para quem vender. Brasil está crescendo com baixa inflação”, afirmou.
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