Idoso morre dois dias após o cachorro dele ser atropelado duas vezes no litoral de SP
Ele estava internado em Santos (SP) e não soube da morte do cão. O atropelamento do cachorro foi registrado por câmeras de monitoramento e mostram o motorista dando marcha à ré sobre o animal. Câmera de monitoramento registra motorista matando cachorro atropelado
Dois dias separaram as mortes de um cão e seu tutor, um idoso de 77 anos. O cachorro foi atropelado por um motorista em Praia Grande (SP), no litoral de São Paulo, no sábado (31). O tutor morreu em decorrência de complicações de pneumonia na seguda-feira (2). Ele esteve internado por quatro dias, sendo os últimos dois em Santos (SP).
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A sobrinha do idoso, que preferiu não se identificar, contou que o tio não soube do atropelamento de Guri, como era chamado o animal. “A vida dele era o cachorro”. O idoso tinha outros dois cães e estavam sob responsabilidade de familiares e cuidadores.
No sábado, os três foram soltos para dar uma volta e, por volta das 11h50, Guri foi atropelado na Rua Vicente Ítalo Feola, no bairro Ocian. A sobrinha disse que os animais estavam acostumados a retornar para casa.
Imagens obtidas pelo g1 mostram o momento em que Guri foi atropelado duas vezes, pois o motorista ainda deu marcha à ré sobre o animal. O condutor prestou depoimento na última segunda-feira (2) e disse à TV Tribuna, afiliada da Globo, que não viu o cão.
Segundo a sobrinha, o tio foi diagnosticado com pneumonia e esteve internado dois dias em uma unidade de saúde de Praia Grande (SP), antes de ser atendido na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Central de Santos, onde passou mais dois dias e morreu.
‘Cadê meus bichinhos?’
Guri (foto à esq.) foi atropelado e morto por motorista em Praia Grande (SP)
Arquivo pessoal e Reprodução
O tutor de Guri teve um Acidente Vascular Cerebral (AVC) há alguns anos, o que prejudicou a locomoção dele, que era acompanhado por uma cuidadora. Além de Guri, o idoso tinha outros dois cães e perguntava por eles.
“Antes dele [tio] ir para a UTI lá na UPA Central, ele ainda perguntou: ‘Cadê meus au-aus, cadê meus bichinhos?’ Eu falei: ‘Tio, eles estão bem’, mas não tinha acontecido nada ainda”, disse a mulher.
Quando a sobrinha recebeu a informação sobre o atropelamento de Guri, ela decidiu não contar ao tio, que não tinha esposa e nem filhos, só os cachorros.
“Ele tinha uma casa de portãozinho baixo, que nem casa americana. Aí os cachorros entravam lá. A mãe do Guri entrou, acabou dando cria lá e ele ficou com a mãe e com o Guri”, afirmou.
Motorista ‘não viu’ cachorro
Homem que atropelou cachorro duas vezes diz não ter visto animal
Após ser localizado no bairro Sítio do Campo, o condutor foi até o 1º DP de Praia Grande prestar depoimento na noite de segunda-feira.
Ele foi perguntando pelo repórter Matheus Croce, da TV Tribuna, por que atropelou duas vezes o animal e disse não ter visto o animal (assista acima).
Veja o diálogo:
Repórter: Por que que teria atropelado o cachorro?
Condutor: Não, não vi.
Repórter: Mas, se não viu, por que deu réu?
Condutor: Não tenho nada a declarar.
Em nota ao g1, nesta terça-feira (3), a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) disse que investiga a morte do cachorro. O caso foi registrado como praticar ato de abuso a animais no 1º DP de Praia Grande, que trabalha para esclarecer os fatos.
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