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O ciclo vicioso do desmatamento e das queimadas no Brasil

O aumento alarmante do desmatamento e das queimadas no Brasil não é apenas resultado da seca e do aquecimento global. O que vemos é uma combinação de fatores econômicos, culturais e políticos que continuam alimentando um ciclo destrutivo e perigoso. Enquanto os incêndios florestais se espalham e a floresta amazônica perde área em ritmo acelerado, a pergunta que ecoa é: por que o desmatamento no Brasil tem aumentado tanto? Em 2023, o Brasil perdeu mais de 1,5 milhão de hectares de floresta, grande parte disso na Amazônia e no Cerrado. A expansão do agronegócio é uma das principais razões. Muitos agricultores ainda utilizam o fogo como a forma mais barata e rápida de abrir espaço para pastagens e plantações. Essa prática não só destrói a biodiversidade, como também altera o clima de maneira irreversível. Regiões que deveriam funcionar como reguladoras climáticas, como a Amazônia, estão se aproximando de um ponto de colapso ambiental.

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Outro fator preocupante é a grilagem de terras. A prática ilegal de tomar posse de áreas públicas se espalhou, impulsionada pela impunidade. Muitas vezes, áreas desmatadas ou queimadas são vendidas a preços altos depois de transformadas em pastagens. Apesar das investigações e ações contra esses crimes, as punições ainda são escassas. A impunidade é um combustível poderoso para a destruição florestal, e enquanto ela persistir, o desmatamento seguirá em ritmo acelerado. Mas a queima proposital de áreas não ocorre apenas por causa da expansão agrícola. Há também uma lógica econômica perversa por trás de muitos dos incêndios florestais criminosos. Queimar é mais barato do que investir em técnicas de manejo sustentável, e quem provoca esses incêndios sabe que a fiscalização é falha. Dados do MapBiomas mostram que 99% dos incêndios no Brasil têm origem humana, e muitos são intencionais. Não se trata de acidentes naturais, mas de uma prática deliberada.

A seca severa que afeta diversas regiões do Brasil agrava ainda mais o cenário. Em 2024, rios no Pantanal e na Amazônia estão secando, e a falta de chuvas facilita a propagação dos incêndios, que se tornam incontroláveis. A seca também compromete a agricultura e o abastecimento de água em várias regiões. No entanto, o problema vai além do clima: é um reflexo da falta de planejamento e de políticas públicas consistentes para lidar com o desmatamento.

Enquanto o governo tenta criar ações coordenadas com os estados para combater os incêndios e o desmatamento, a verdade é que estamos sempre reagindo às crises, em vez de preveni-las. Sem uma fiscalização rigorosa e um compromisso firme com práticas sustentáveis, continuaremos concentrando esforços e dinheiro para apagar incêndios, ao invés de solucionar os problemas na raiz. A floresta queima não só por causa da seca, mas pela negligência humana. E enquanto permitirmos que a destruição continue impune, o Brasil caminhará para um futuro cada vez mais árido, sem biodiversidade, sem água, e sem ar limpo.

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