O Chile é o único país que não faz fronteira com o Brasil. É vizinho da cordilheira dos Andes em toda a sua extensão. Tem uma variedade incrível de climas e paisagens com lagos, desertos, montanhas, agropecuária e vinhedos.
Existem vários significados para o nome Chile. Antes mesmo da colonização, já era chamado assim pelos índios Aimarás, que habitavam o norte do país. Na língua deles, a palavra chilli quer dizer “onde acaba a terra“, referência à posição geográfica do território: o extremo oeste do continente.
A sua bandeira tem as seguintes cores: vermelho, que significa o sangue dos patriotas; o azul do céu e o branco da neve dos Andes. A estrela representa que o Chile é uma república unitária. Os índios Mapuches residentes no centro sul do Chile são conhecidos também como arautos.
De Mendonza na Argentina até Santiago no Chile
Saímos de Mendoza, Argentina, num voo de uma hora e meia, cruzando as cordilheiras dos Andes e, com pouco de turbulência, chegamos a Santiago. Era o dia 6 de janeiro de 2015, estávamos acompanhados da Rafaela e a Fernanda Galvão, sua amiga.
O aeroporto é precário, mas está sendo reformado e ampliado (Aeroporto Internacional Comodoro Arturo Merino Benítez).
Os chilenos são muito rigorosos quanto à vigilância sanitária, pois querem proteger as videiras das pragas importadas. O turista recebe o papel de imigração que deve ser bem guardado porque vai ser solicitado em todos os lugares.
Não tivemos serviço de bordo na aeronave e, com isso, estávamos com fome. Demoramos ainda mais, pois fomos pegar nosso carro, uma caminhonete vermelha Mitsubishi, cabine dupla. Não sabia como seria se chovesse! Não haviam nos dado lonas para cobrir as malas.
Chegamos ao Hotel Crow Plaza, escolhido por estar perto do centro e as meninas poderem andar sozinhas e perto de onde tudo acontece. Queríamos ter ficado no outro lado da cidade onde tem galerias de arte, mas há táxi, metrô etc., e aí tudo fica fácil.
Voltando a nossa fome, pedi uma salada e frutas e comemos na suíte, enquanto desfazíamos as malas. Estava muito gostoso. Depois dormimos até às 21h, já que tínhamos uma reserva, por sugestão da Rafaela, no lindíssimo restaurante Mestizo.
O Mestizo é um restaurante conhecido por todos como o mais bonito de Santiago. Fica no Parque Bicentenário, em Vitacura. O arquiteto Smiljan Radic elaborou um projeto muito ousado para criá-lo. Na construção usou pedras de granito de diversos tamanhos como colunas, enormes vigas de aço e madeira de demolição para compor a maravilhosa arquitetura desse prédio que hoje é tombado, e, portanto, não pode ser demolido. O restaurante tem capacidade para 180 lugares, e a varanda é o lugar mais concorrido nos dias ensolarados!
Como o Mestizo Santiago fica em frente ao parque, você pode aproveitar para passear e ver o espelho d’água que fica logo em frente do restaurante. Comemos muito bem e nos divertimos. Depois do jantar, as meninas ficaram no bairro Bela Vista para conhecer a vida noturna, mas voltaram logo, porque acharam tudo estranho.
No dia seguinte, fiz ioga e esperamos elas acordarem. Após o café, saímos em busca do ônibus de turismo, o vermelhinho, aquele que recomendo sempre quando estamos pela primeira vez numa cidade. O passeio dá uma visão geral da cidade e sua história, mas deixa a desejar tanto na visão dos monumentos quanto no áudio, que é sem graça e sem emoção.
As meninas não aguentaram e ficamos numa das paradas. Elas pesquisaram no guia do New York Time e fomos para o Restaurante El Mare, recomendadíssimo por todos. Realmente é muito bom com gastronomia peruana que está ganhando o mundo. Experimentei o Loco, que é um marisco de carne branca e tenra que é encontrado apenas no Chile. Todos os pratos são muito criativos e especiais.
Trajes tradicionais chilenos
Após o almoço, a Rafaela e a Fernanda ficaram no bairro e visitaram algumas galerias de arte. Voltamos para o nosso ônibus e paramos na Praça das Armas, onde estão localizados edifícios importantes da cidade, como correio, a matriz e outros. Continuamos o percurso pelo centro cultural, em frente ao nosso hotel, com uma arquitetura fantástica, em ferro, e me deliciei na exposição de quadrinhos da Mafalda, do cartunista, Quino, e de vestimentas chilenas, como:
O tradicional poncho, peça retangular feita em lã ou seda natural bem colorido. O corte retangular faz com que ele sirva como manta ou para embalar criança ou animal, cama, proteção. Esse tipo de roupa é proveniente dos índios do Peru, Argentina Chile e Bolívia.
O Huipil é uma vestimenta exclusiva para as mulheres feita manualmente de produtos naturais. Pode ter corte redondo, quadrado ou como a pessoa queira. Cobre o corpo e é utilizado em cerimônias, principalmente nas matrimoniais e funerais.
Racuti é utilizado por mulheres em cerimonias chamanicas após tomar Ayawasca. Elas pintam suas visões transcendentais está arte se chama kené ou kewé. Chuspa e Unku são bolsas de formato quadrado que servem para o transporte de coca ou outras ervas naturais e medicinais.
O calor da cidade nesta época foi uma surpresa. Não esperávamos, e no final da tarde como ficou mais fresco aproveitei para esticar o asseio.
Pela manhã, postei uma foto no Instagram. Em seguida, recebi uma mensagem de primos queridos que estavam viajando por algumas cidades do Chile, por onde passaríamos, mas eles vão de avião e nós, de carro. Marquei um jantar e nos encontramos no restaurante Astrid & Gaston, que hoje tem em Nova Iorque e outras cidades.
A gastronomia é peruana, de decoração clássica e muito elegante. É preciso reservar.
A comida e o serviço são excelentes. O jantar foi realmente especial.
As meninas foram conhecer a noite de Santiago. Convidaram uma prima. Dançaram, cantaram e tiveram a sorte de ouvir um dos grandes saxofonistas do Chile. Ficamos felizes com a experiência que tiveram e mais felizes em vê-las em casa novamente. A impressão que temos do Chile é que é um país em crescimento e a violência não é assustadora.
Havíamos preparado um passeio a um bairro mais afastado onde encontraríamos os vintages e antiquários, mas soubemos que seria perigoso e em meio de semana muito lotado, com isto preferimos não ir.
Fomos então em direção à casa de Neruda, chamada La Chascona. No caminho passamos pelo pateo Bela Vista, onde estão vários restaurantes e lojinhas, com música ao vivo durante a noite. Local muito animado, mas turístico. A Casa de Neruda é bastante interessante e nos faz lembrar sua obra e seus amores.
Com o calor infernal, fomos à busca do Restaurante Coco Loco, mas do outro lado da cidade. Chegamos lá e havia um prédio no local. O restaurante foi demolido. Saímos à procura de outro local e vimos que o bairro abriga muitos restaurantes e na hora do almoço é bastante animado com público de executivos. Outros fazem seus piqueniques no pequeno parque local.
Paramos numa casa de vinhos. O lugar é moderno, animado e cheio de gente bonita com uma gastronomia maravilhosa. Passamos uma tarde perfeita e animada.
Brechós em Santiago, no Chile
Voltamos e ficamos na região onde estão os brechós. Diferente da cidade de São Paulo, esse tipo de comércio é frequentado pela população mais pobre, que tem a oportunidade de comprar suas roupas a preços mais em conta.
Saímos de lá e nos perdemos. Foi interessante, porque vimos a cidade mudar de característica três vezes: na hora do almoço, os executivos na agitação do dia; no final da tarde, a movimentação da volta para casa, momento no qual os supermercados ficam lotados. E, de repente tudo muda com a chegada de artesãos e músicos que colocam suas tendas pelas ruas, os restaurantes começam a lotar para o jantar e happy hours. A agitação é outra, indo até às 23h, quando a cidade dorme e novamente Santiago se modifica.
Fomos ao Restaurante Boca Nariz, uma casa de vinhos com cozinha de primeira, excelente carta de vinhos, onde servem degustação, harmonização, tudo na melhor qualidade. O local fica lotado por isso é recomendável fazer reserva. Não vai se arrepender. Quem nos deu uma atenção muito especial foi o Kevin, sommelier brasileiro.
Na manhã seguinte, sairíamos cedo se não fosse o cofre do nosso apartamento. Nada fez abri-lo. Tivemos que arrombar. Pelo menos ficamos felizes e tranquilos porque agora a gente sabe que os cofres nesse hotel são bem seguros.
Fomos ao aeroporto deixar uma das malas no guarda-volumes, pois o nosso lema é: “não carregar peso morto. Não vai usar, não carregue”. Na volta pegamos a mala que deixamos.