J.D. Vance: quem é o vice na chapa de Donald Trump
Ex-fuzileiro naval e autor de best-seller, senador por Ohio agora é aliado e herdeiro político de Trump. Se eleito, Vance será o terceiro vice-presidente mais jovem a ocupar o cargo.
J.D. Vance
Rebecca Cook/Reuters
O republicano James David Vance, mais conhecido como “J.D. Vance”, concorre como vice-presidente na chapa de Donald Trump. Se eleito, ele será o terceiro mais jovem a ocupar o cargo. Atualmente, Vance tem 40 anos e é senador por Ohio.
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Criado em uma região industrial em decadência, Vance integrou o corpo de fuzileiros navais e se formou em Direito na Universidade de Yale. Ele está em seu primeiro mandato como senador e foi eleito com o apoio de Trump, em 2022.
Antes de ser apoiado pelo principal nome do Partido Republicano, Vance costumava fazer duras críticas a Donald Trump. Agora, ele se tornou um dos principais defensores da ideologia “MAGA” (Faça a América Grande Outra Vez, na tradução em português).
No Senado, Vance se destacou por sua oposição à ajuda à Ucrânia e exigiu que os recursos fossem destinados à luta contra a imigração ilegal.
Para analistas norte-americanos, ter um aliado jovem como Vance garante a Trump a continuidade do movimento MAGA.
Nesta reportagem você vai ver:
A história que rendeu um best-seller
Vida política de Vance
Polêmica com notícia falsa sobre imigrantes
De rival a aliado de Trump
Best-seller
Capa do livro “Hillbilly elegy”, de J.D. Vance
Reprodução
J.D. Vance nasceu e foi criado na cidade de Middletown, em Ohio. O município tem uma população de cerca de 50 mil habitantes.
Ainda jovem, Vance se alistou e passou a fazer parte dos fuzileiros navais, servindo aos Estados Unidos no Iraque, no início dos anos 2000.
Depois, o agora candidato estudou na Universidade Estadual de Ohio e na Escola de Direito de Yale. Além disso, trabalhou no Vale do Silício como capitalista de risco.
A fama de J.D. Vance, porém, veio a partir da autobiografia “Hillbilly Elegy”, conhecida no Brasil como “Era Uma Vez Um Sonho”. O livro se tornou um best-seller e virou um filme.
Na obra, Vance conta como foi crescer em Ohio, em uma família pobre e com diversos problemas. O republicano foi criado pela avó, enquanto sua mãe enfrentava o vício.
O livro também fala sobre patriotismo e comunidades do interior que estavam perdendo a esperança no futuro.
“Hillbilly Elegy” vendeu mais de 1,6 milhão de cópias e se tornou um fenômeno. A obra foi muito elogiada, principalmente por conservadores.
Vida política de Vance
J.D. Vance é anunciado como vice de Trump
Chip Sommodevila/Getty Images via AFP
Após Donald Trump vencer a eleição de 2016, Vance voltou para Ohio e criou uma instituição de caridade para ajudar viciados em opioides. Ele também começou a participar de palestras e foi convidado para jantares do Partido Republicano.
A história de vida pessoal de Vance, que havia ganhado fama a partir de seu livro, passou a servir de inspiração entre os republicanos.
Durante encontros com membros do partido, ele começou a apresentar ideias para ajudar os Estados Unidos, o que lhe permitiu preparar terreno para entrar de vez na política.
Em 2022, Vance concorreu ao Senado e venceu o democrata Tim Ryan por uma diferença de mais de 200 mil votos. Ele ocupou a vaga deixada por Rob Portman, que também é republicano e se aposentou.
Donald Trump foi um dos principais padrinhos políticos de Vance na campanha para o Senado.
Polêmica com notícia falsa sobre imigrantes
Prefeitura de Springfield, em Ohio, foi esvaziada após ameaça de bomba, em 12 de setembro de 2024
REUTERS/Julio-Cesar Chavez
Em setembro, J.D. Vance se envolveu em uma das principais polêmicas das eleições deste ano. Em uma rede social, ele compartilhou uma mensagem que afirmava que imigrantes ilegais estavam roubando e comendo pets de moradores de Springfield, em Ohio. A informação era falsa.
“Os relatos agora mostram que pessoas tiveram seus animais de estimação sequestrados e comidos por pessoas que não deveriam estar neste país. Onde está a nossa czar da fronteira?”, publicou, fazendo uma referência a Kamala Harris.
Donald Trump chegou a divulgar a mesma informação durante um debate contra Kamala na TV. O republicano acabou sendo desmentido ao vivo por um dos mediadores do debate. As autoridades afirmaram que não existem registros de ocorrências do tipo.
Pouco antes do debate, Vance tinha admitido que os relatos poderiam ser falsos.
O boato provocou mais de 30 ameaças de bomba contra escolas e edifícios governamentais de Ohio. Além disso, o prefeito de Springfield, Rob Rue, foi ameaçado de morte.
De rival a aliado de Trump
Donald Trump e J.D. Vance, candidatos a presidente e vice-presidente pelo partido republicano, respectivamente, no palco na Convenção Nacional Republicana em 15 de julho de 2024.
ANGELA WEISS/AFP
Nas eleições presidenciais de 2016, Vance se classificou como um republicano que nunca votaria em Trump. Ele disse que o então candidato era “perigoso” e “inapto” para o cargo. Naquele ano, Trump derrotou Hillary Clinton e foi eleito presidente.
Casado com uma indiana-americana, Vance era crítico dos comentários racistas de Donald Trump. Ele chegou a dizer que o republicano poderia ser o “Hitler da América”.
Poucos anos depois, Vance mudou de ideia. Em 2020, por exemplo, ele comprou a narrativa de Trump de que as eleições teriam sido fraudadas, embora não existam provas de que isso tenha ocorrido.
Em 2021, quando se encontrou pessoalmente com Trump, ele elogiou os feitos do republicano na presidência e minimizou as críticas que havia feito ao então presidente.
Além disso, o senador cresceu como uma voz conservadora, o que chamou a atenção de Trump. O republicano viu no atual senador um potencial herdeiro político.
Assim como Trump, Vance se mostra protecionista, defende a tarifação de importações e reproduz posições radicais sobre a imigração, o clima e o aborto.
Ao ser escolhido como candidato a vice-presidente, membros do Partido Republicano viram em Vance a capacidade de articular melhor as visões de Trump devido à habilidade dele na comunicação.
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