Jovem morto pela PM estava desarmado, diz mãe; corporação cita confronto
Vinicius Fidelis dos Santos de Brito morreu após ser baleado por policiais militares na comunidade Sambaiatuba, em São Vicente (SP). Rapaz de 20 anos é morto pela Polícia Militar no litoral de SP; PM diz que houve confronto
A mãe de Vinicius Fidelis dos Santos de Brito, o jovem de 20 anos que morreu após ser baleado por policiais militares em São Vicente, no litoral de São Paulo, afirmou que o filho foi executado. A PM, por sua vez, alega que o rapaz morreu em confronto com agentes. Imagens mostram a mulher gritando e perguntando se as autoridades haviam matado o rapaz (assista acima).
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O caso aconteceu na comunidade Sambaiatuba. Segundo a prefeitura, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado e realizou procedimentos de ressuscitação em Vinicius, mas ele não resistiu aos ferimentos e morreu a caminho do Pronto-Socorro Central. Não há informações sobre policiais feridos durante a ação.
A mãe de Vinicius, que não terá a identidade divulgada, disse que tinha acabado de chegar da igreja quando foi avisada pela vizinha sobre os PMs estarem com ele na casa ao lado.
Em entrevista à TV Tribuna, emissora afiliada da Globo, a mãe também negou a versão da PM e afirmou que o filho estava indo para a casa dela quando foi abordado pelos policiais, levando primeiro um tiro no braço.
De acordo com a mulher, Vinicius tentou se esconder dos agentes na casa da vizinha e não tinha condições de estar em um confronto, uma vez que estava desarmado e sob efeito de K2, um tipo de droga sintética.
“Ele não reagiu, ele foi executado. Ele não tinha condições de reagir e também não tinha nem arma. Como é que ele poderia reagir contra a polícia?”, questionou a mãe de Vinicius.
Jovem é morto durante troca de tiros com a PM em comunidade de São Vicente
A mulher também comentou sobre o vídeo gravado por uma testemunha. “Eles [os PMs] não deixavam [entrar na casa]. Me xingaram, jogaram bomba, me mostraram a arma […] me ameaçando”, disse.
A mãe relatou, em entrevista à produtora Norma Odara, da GloboNews, que os PMs ainda jogaram uma bomba dentro da casa após o corpo de Vinicius ser retirado do imóvel. Segundo ela, a vizinha estava dentro da residência. Uma foto mostra o que seria o ferimento da mulher (veja abaixo).
À esquerda, Vinicius Fidelis dos Santos de Brito. À direita, ferimento causado por bomba na perna de vizinha
Reprodução e Arquivo pessoal
Histórico
Conforme apurado pela TV Tribuna, Vinicius tem passagens por tráfico de drogas e publicava fotos com armas nas redes sociais. A mãe do jovem disse que ele era apenas usuário de entorpecentes e o armamento era de brinquedo.
“[A morte foi uma] perseguição porque ele já foi preso”, afirmou a mulher. “Eu quero Justiça, isso é abuso de poder. Não estou aqui contra os policiais, é o trabalho deles, mas saibam fazer as coisas, a abordagem”.
Vídeo
Nas imagens, a mulher gritou desesperada: “Pelo amor de Deus, deixa eu entrar, eu sou a mãe dele. Vocês mataram meu filho? O que isso? Vocês vão matar meu filho”.
Depois dos primeiros disparos ouvidos, e enquanto a mãe de Vinicius gritava, um policial saiu da casa armado e a mandou deixar o local. A mulher se afastou e um novo barulho, semelhante a uma explosão, foi ouvido antes do vídeo acabar.
Versão da PM
A morte aconteceu na comunidade Sambaiatuba, durante uma operação da Polícia Militar. A versão dos PMs à Polícia Civil é de que patrulhavam a entrada de uma viela quando encontraram cinco suspeitos, sendo que três deles estavam armados.
Ainda de acordo com o depoimento, registrado em boletim de ocorrência (BO), os suspeitos atiraram contra os policiais e correram para o interior da comunidade, abandonando pelo caminho uma sacola com drogas – não especificadas -, uma arma falsa, um caderno e um rádio transmissor.
Consta no BO que, durante as buscas pela comunidade, os agentes foram surpreendidos por Vinicius Fidelis, que atirou duas vezes antes de entrar em uma residência.
Morte confirmada
Segundo a Prefeitura de São Vicente, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado e realizou procedimentos de ressuscitação em Vinicius, mas ele não resistiu aos ferimentos e morreu a caminho do Pronto-Socorro Central. Não há informações sobre policiais feridos durante a ação.
Revolta de moradores
De acordo com o BO, moradores da comunidade se revoltaram e jogaram pedras e garrafas na direção dos agentes, que usaram “munição química” – também não especificada – para dispersar a multidão.
Segundo o registro policial, o local do confronto ficou prejudicado para a realização de exames periciais, uma vez que não oferecia condições de segurança para os policiais. O agentes passaram por exame residuográfico [que tem como objetivo identificar resíduos produzidos por disparo de arma de fogo] na delegacia.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que a Polícia Civil investiga todas as circunstâncias da morte. Ainda segundo a pasta, foram apreendidas uma arma e porções de drogas, além das armas dos policiais.
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