Literatura do Rio Grande do Sul ganha coleção ambiciosa – 25/01/2025 – Ilustrada

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Um ambicioso projeto para dar conta da produção literária do estado mais ao sul do país ganhou forma em seis volumes da coleção “História da Literatura no Rio Grande do Sul”, organizado por Luís Augusto Fischer.
De suas primeiras manifestações e narrativas escritas por viajantes, passando por povos indígenas e afro-gaúchos, o conjunto registra e analisa os processos culturais que atravessam a literatura do estado.
Uma das virtudes do trabalho é dar uma resposta à crítica comumente feita por quem ensina ou aprende literatura: as histórias são compostas de modo cronológico, vertical e a partir da ideia de escolas literárias.
Professor de literatura brasileira na Universidade do Rio Grande do Sul, Fischer foi capaz de orquestrar cerca de 80 acadêmicos, de diferentes universidades, que propõem perspectivas mais analíticas. O projeto recebeu apoio da universidade de Princeton, UFRGS, Universidade Federal de Rio Grande e da Capes.
A editora Coragem, responsável pela publicação em parceria coma editora da FURG, tem se dedicado a popularizar a literatura latino-americana e sulina.
Os textos atravessam nomes canônicos como Erico Verissimo, Dyonelio Machado e Moacyr Scliar, por exemplo. Mas incluem folclore, editoras, feiras, traduções, saraus, música e os sistemas literários de cidades além de Porto Alegre.
Novas histórias da literatura, nesses moldes, “instrumentalizam o debate sobre essa produção literária, qualificam o ensino de literatura e servem como documento de época, um registro da forma como segmentos de determinada sociedade pensaram a sua tradição”, afirma Karina de Castilhos Lucena em trabalho anterior à coleção.
São dela também dois dos textos mais interessantes do projeto: o primeiro fala da comarca do pampa, conceito do crítico literário Ángel Rama, que propõe um mapa onde Rio Grande do Sul estaria unido culturalmente à Argentina e ao Uruguai; o segundo trata de autores gaúchos traduzidos, este último em coautoria com o tradutor e pesquisador Sérgio Karam.
Destacam-se ainda os artigos de Ronald Augusto sobre a literatura de afrodescendentes, de Jandiro Adriano Koch sobre dissidências sexuais na literatura, de Homero Vizeu Araújo sobre a tradição de estudos machadianos no Rio Grande do Sul, de Mauro Nicola Póvoas sobre a Sociedade Partenon Literário, de Gerson Roberto Neumannsobre literatura de viajantes e o de Sergius Gonzaga sobre Erico Verissimo.
Eis, talvez, a única fragilidade de uma empreitada tão audaciosa. Nem todos textos mantêm o alto padrão científico e estilístico. Uns poucos cometem o pecado do estilo verbete, empilhando dados biográficos, datas e citações. A esta minoria falta o requinte visto em outros artigos como “Literatura de Teutodescendentes”, do próprio Fischer. As exceções não abalam a regra, porém, que são produções de excelência.
Sem anunciar que está renovando a forma de narrar a história da literatura, Fischer concretiza uma proposta que cumpre também o papel de mostrar uma alternativa acadêmica viável de pensar as diferentes histórias.
Vem daí outra qualidade da coleção. Interessa a pesquisadores de todo o Brasil conhecer uma história que, ao falar de uma parte, também reflete o todo. Não existe uma história da literatura brasileira, produzida na contemporaneidade, em formato que se assemelhe ao realizado por Fischer e seu time, rompendo com método e forma convencionais.
“História da Literatura no Rio Grande do Sul” serve, portanto, de modelo e inspiração para novos trabalhos.
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