Jovem cineasta de BH é convidado para palestrar em NY – 04/02/2025 – Pretos Olhares

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Aos 23 anos, Ben-Hur Nogueira, filmou e produziu o curta “Pandeminas”, que mostra o cotidiano do Aglomerado Morro das Pedras, favela onde cresceu, em Belo Horizonte. Apaixonado pelo cinema desde a infância, ele irá palestrar para alunos de antropologia na Binghamton University, em Nova York, sobre diferentes aspectos da produção cultural preta e periférica do país.
Autodidata, ele diz que seu interesse por cinema surgiu como uma válvula de escape da realidade de violência que via em sua comunidade. Ele mergulhou na história da sétima arte após ganhar um livro que listava os vencedores do Oscar de 1929 até o início dos anos 2000.
Das produções de Hollywood, passou a assistir grandes nomes do cinema nacional, como Carlos Reichenbach e Glauber Rocha. Foi quando ele começou a buscar filmes independentes e com protagonismo negro, como os da produtora mineira Filmes de Plástico, de “Marte Um”.
“Ao mesmo tempo que assistia os grandes do cinema nacional e ficava encantado, sentia que alguma coisa faltava. Cadê eu nesse cinema? Não via a representatividade negra. Estávamos sempre naquela colocação de escravizado, operário. Cadê a visão do próprio negro?”
Ben-Hur começou a experimentar no cinema logo que completou 18 anos, quando ganhou uma câmera de sua mãe e registrou a rotina de sua comunidade durante o período mais severo da pandemia. O resultado foi o filme “Pandeminas”. O curta, que o jovem conta ter produzido sem grandes expectativas, foi premiado em um festival realizado no Zimbabwe, o Varsity Film Expo.
A partir daí o interesse de Ben-Hur por usar o cinema para falar de sua realidade só aumentou. Ele lançou seu filme no cinema da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), em 2023, onde estuda computação. Lá, no mesmo ano, teve a ideia de criar uma mostra no espaço universitário que reunisse a produção de outras pessoas do país que, assim como ele, moram em periferias e têm muito o que falar.
Em 2024, na segunda edição da mostra, o evento cresceu e saiu dos muros da Ufop. Ben-Hur conta que recebeu apoio de críticos de cinema de Belo Horizonte para planejar o evento e também de espaços como o Cine-Teatro Vila Rica, em Ouro Preto, que recebeu a mostra no ano passado.
Ao todo foram 144 filmes inscritos e 12 selecionados para exibição. As produções vieram de diferentes lugares do país, lideradas por cineastas quilombolas, indígenas e moradores de periferias. O júri contou com curadores e críticos convidados e o vencedor da mostra foi o curta pernambucano “Primavera Preta”.
Além do cinema, a literatura e a tecnologia também são interesses de Ben-Hur, que afirma ter no escritor Guimarães Rosa uma das suas principais referências. Isso porque, apesar de não ser escritor de formação, o autor de “Grande Sertão: Veredas” era médico, atuou como diplomata, poeta e foi eternizado como grande romancista brasileiro. “Ele é uma inspiração porque nunca parou de aprender”.
Ben-Hur sabe que ainda tem um longo caminho pela frente, mas diz que suas ambições ainda são muitas. “Eu quero buscar ser para o cinema brasileiro o que Basquiat foi pra arte. O que o Loius Hamilton é para o esporte. Quero ser essa transfiguração.”
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