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O Ensaio: a série mais insana já produzida na história da televisão

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Imagine poder ensaiar os momentos mais dramáticos da sua vida antes mesmo de eles acontecerem. Uma reunião tensa com o chefe, uma conversa difícil com a esposa. Simular cenários, testar respostas, antecipar reações — em suma, eliminar o fator surpresa que a experiência humana inevitavelmente nos impõe.

Essa é a premissa de O Ensaio (The Rehearsal), série da HBO que chega à sua segunda temporada e está disponível no Max. Nela, o criador Nathan Fielder transforma a vida de pessoas reais por meio de encenações minuciosamente elaboradas de situações cotidianas. Oficialmente, trata-se de uma comédia. Na prática, é um experimento ousado sobre a realidade.

Atenção: este texto contém spoilers.

O episódio piloto apresenta o conceito: Nathan acompanha Kor, um homem comum que deseja confessar a seus amigos que, por doze anos, mentiu sobre ter um mestrado. Ele teme, em especial, a reação de uma amiga. Para isso, recria com fidelidade o bar onde o encontro acontecerá, contrata uma atriz para estudar e interpretar a amiga, e desenvolve um fluxograma intrincado com todas as possíveis reações. Kor ensaia a conversa em treze tentativas. Quando ela finalmente acontece, ele já viveu aquele momento incontáveis vezes.

Ao longo da primeira temporada, o foco se desloca para Angela, uma mulher evangélica que sonha em ser mãe e encontrar um parceiro. Nathan propõe um experimento: contratar atores mirins para simular, em tempo acelerado, o crescimento de uma criança. O objetivo? Ver como Angela reagiria à maternidade — antes de vivê-la de fato.

Os dilemas éticos são evidentes.

Pessoas reais são inseridas em situações profundamente emocionais (e dramatizadas, nos dois sentidos da palavra). A série borra as fronteiras entre o que é encenação e o que é vida, com consequências diretas para seus participantes.

Na segunda temporada, O Ensaio ganha uma nova escala.

Nathan se torna obcecado por um problema da aviação comercial: a falha de comunicação entre pilotos e copilotos. Após estudar diversos acidentes aéreos, ele decide que é necessário ensaiar interações em cabines de avião, buscando aprimorar a colaboração entre os profissionais em situações de crise.

Mas o verdadeiro absurdo da série não está nessa nobre intenção — evitar acidentes aéreos —, e sim nos métodos delirantemente lógicos que Nathan adota para construir, sob uma justificativa técnica, uma série cômica.

Em apenas três episódios, ele consegue: retratar o serviço de streaming Paramount+ como a Alemanha Nazista; reencenar a vida inteira de Sully Sullenberger, o piloto que pousou no rio Hudson em 2009; sabotar o relacionamento de um jovem copiloto; reconstruir um terminal inteiro do Aeroporto Internacional George H. W. Bush; criar um falso show de talentos para centenas de artistas jovens com temática de aviação; e ainda levantar reflexões profundas sobre saúde mental e o estado terminal do capitalismo tardio.

O Ensaio é, ao mesmo tempo, desconfortável e brilhante, vanguardista e inédito, surrealista e hiper-realista. Evoca o espírito de Andy Kaufman e Terry Gilliam, com seu anti-humor e sua capacidade de transformar o banal em filosofia.

É faraônico — com uma produção que envolve centenas de atores e pessoas reais —, mas também microscópico — ao extrair questões existenciais dos menores detalhes da vida.

Existir na mesma época em que uma obra dessa magnitude é criada já é, por si só, um privilégio.

Veja o trailer da segunda temporada:

 

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