Guarujá

STJ não aceita pedido da defesa de ex-apresentador preso por tráfico de drogas; entenda


Superior Tribunal de Justiça entendeu que a defesa deveria entrar com um outro tipo de recurso, que não o habeas corpus, para a reavaliação da prisão preventiva. Marcelo Carrião foi detido com mais oito suspeitos. Ex-apresentador de telejornal, Marcelo Carrião, foi preso em flagrante por tráfico de drogas
Reprodução e Divulgação/Polícia Civil
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) não aceitou o habeas corpus movido pela defesa do ex-apresentador de telejornal Marcelo Carrião, preso em flagrante por tráfico de drogas em Santos (SP). O advogado explicou ao g1, porém, já ter entrado com um recurso ordinário constitucional para que o cliente possa responder em liberdade (leia mais abaixo).
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A Polícia Civil prendeu Carrião no final de fevereiro com mais oito suspeitos de traficar drogas. Na operação, a corporação localizou três estufas de plantação de maconha em uma casa no bairro Vila Mathias. O jornalista é citado nas investigações como “fornecedor” dos entorpecentes.
O advogado Marcelo Cruz afirmou à equipe de reportagem que recorreu a um órgão superior após ter o habeas corpus negado pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) em ao menos três ocasiões. No último dia 19, ele foi pessoalmente até o STJ, em Brasília, explicar o pedido.
Por uma questão técnica, o pedido não foi admitido pelo STJ. “Eles entenderam que a via adequada, quando o TJ nega o habeas corpus, é o recurso ordinário constitucional [usado para reavaliação da prisão preventiva]”, explicou o advogado.
A defesa substituiu o habeas corpus pelo recurso ordinário constitucional e aguarda o retorno do processo. Conforme apurado pela equipe de reportagem, o documento já foi processado pelo STJ e encaminhado para análise da Procuradoria Geral da República (PGR).
Defesa
Marcelo Carrião, repórter e apresentador, foi preso em flagrante com drogas em Santos (SP)
Reprodução
Marcelo defende a soltura de Carrião justificando que a prisão preventiva foi cumprida sem que antes fosse feita uma análise concreta do caso.
À época da prisão, o advogado afirmou ao g1 que o ex-apresentador alegou à Polícia Civil que a droga encontrada era para consumo próprio. Com Carrião, foram apreendidos aproximadamente 1 kg de maconha, uma balança de precisão, um celular e utensílios para embalar os entorpecentes.
“Para não ter a sua imagem veiculada a essas bocas de entorpecentes, onde compram-se as drogas, geralmente, quando ele pode, ele já pega em uma quantidade um pouco maior”, afirmou o advogado.
Marcelo acrescentou que o cliente é réu primário, tem bons antecedentes, exercia o jornalismo há 30 anos e morava há mais de vinte no mesmo local. Além disso, tem uma família constituída e três filhos, sendo dois menores de idade. Para o advogado, estes fatores são essenciais para o pedido de soltura.
Outros pedidos negados
Para a desembargadora Fátima Vilas Boas Cruz, da 4ª Câmara de Direito Criminal do TJ-SP, não há dúvida quanto ao envolvimento de Carrião na prática dos crimes de tráfico de drogas e associação ao tráfico. Ela avaliou se tratar de um “crime de extrema gravidade”.
De acordo com a magistrada, ser primário e ter residência fixa não passam da obrigação de qualquer cidadão. Para ela, a soltura também fomentaria o incentivo à impunidade e aumentaria a chance de reincidência do crime de tráfico.
‘Disk drogas’ e operação
Justiça decreta prisão preventiva de nove investigados por tráfico de drogas
De acordo com o delegado Fabiano Barbeiro, da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic), Carrião foi detido com mais oito suspeitos de envolvimento com o tráfico de drogas na região, em uma operação chamada ‘Domo de Ferro’.
A Polícia Civil estabeleceu a operação com o objetivo de prender o grupo, identificado em uma investigação que começou após a prisão de duas mulheres em Santos, no início de fevereiro. A dupla, ainda de acordo com a corporação, era responsável por um ‘disk drogas’ na cidade.
“Marcelo, cujo apelido é ‘Vovozinho’, seria o principal articulador e fornecedor de drogas para esse pessoal”, afirmou o delegado Barbeiro. “Estamos apurando, agora, as fontes de quem o Marcelo comprava esses entorpecentes”.
Os nove presos, incluindo Carrião, segundo o delegado Leonardo Rivau, da Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (Dise), eram os fornecedores de entorpecentes para o ‘disk drogas’, comandado pelas mulheres. Os suspeitos foram identificados a partir da apreensão de um celular encontrado com elas.
Nesse aparelho, ainda de acordo com o delegado Rivau, foram encontradas diversas conversas de Carrião com uma das mulheres. “Ele ofereceu a droga, ela fez o pedido e combinou a entrega para que pudesse comprar e revender no Gonzaga”, explicou.
Prisão
Marcelo Carrião foi picado por uma aranha-marrom no CDP de São Vicente (SP)
Reprodução e Reprodução/Instituto Butantan
Já na prisão, o jornalista precisou ser levado a um pronto-socorro após ter sido picado na perna por uma aranha-marrom dentro da cela do Centro de Detenção Provisória (CDP) de São Vicente. Segundo o advogado, o cliente teve sinais de necrose e correu risco de amputação.
A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), no entanto, informou à equipe de reportagem que foi descartada a possibilidade de picada por aranha, com diagnóstico de ferimento não especificado, afastando a necessidade de procedimento cirúrgico por não haver sinais de necrose e nem edema. Logo em seguida, o detento recebeu alta médica para retorno à unidade prisional.
Marcelo Carrião
Carrião se formou em jornalismo na Universidade Católica de Santos, em 1995.
Ele trabalhou como produtor e repórter na TV Mar, afiliada à TV Manchete, entre 1993 e 2005, e repórter da Rede Record, entre 2005 e 2011. Conforme divulgado por ele na internet, o último trabalho foi no SBT, como repórter e apresentador de telejornal, entre 2012 e 2024.
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